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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A palavra e suas proezas

Antes de escrever qualquer coisa sobre o título que propus a esta postagem, gostaria de agradecer imensamente os comentários de afeto, reconhecimento e carinho de Andréia, Bruno, Jailma e Layze. Saibam, vocês também são a causa de este espaço existir hoje. Obrigado!
É extremamente gratificante escutar das pessoas (de um grupo bem pequeno e seleto) o quão importante é o ato de ensinar! Os meninos e meninas mencionados lá em cima me causaram com suas palavras um tipo de "orgasmo cognitivo", utilizando-me aqui das expressões de uma educadora fantástica, Priscila Aliança. Bem, hoje gostaria de apresentar a vocês um dos vários resultados que tenho obtido com o trabalho de professor de Língua Portuguesa que desenvolvo na Escola Municipal Adalberto Nobre de Siqueira, localizada na zona rural do município de Ipanguaçu. 

Segue abaixo o texto de Francisca Jaine Monteiro da Silva, aluna do 7º ano EF (leia-se Ensino Fundamental) II, sobre o "antigamente". Após a leitura, vocês poderão avaliar, mas não sentir o mesmo que eu (infelizmente) o que o uso das palavras pode nos render, o que a literatura guarda de proezas, sejam elas ínfimas ou gigantescas. Leiam, é só o que tenho a dizer.

“Os namoros de antigamente”

            Em uma tarde dessas, estive visitando minha avó Maria Bento da Silva, que mora na comunidade de Nova Descoberta, para que pudéssemos conversar um pouco. Bem, a minha querida avó falava que as filhas dela namoravam em um banquinho de carnaúba que tinha ao lado da porta da casa dela. A situação não se assemelhava nem de perto aos namoros de hoje em dia. O moço pegava na mão da moça, se conversava muito, porque se tinha interesse em saber da vida do outro a que se amava. O cavalheiro sempre trazia uma balinha, cortesia para agradar e amolecer a sogrinha. Quando tinha uma festinha e o rapaz convidava a moça, mas isso só era depois de alguns meses de namoro, minha avó conta que sempre ia junto. Enquanto eles ficavam dançando juntos a noite toda, do outro lado estava lá em pé e de olho aberto, no pé deles, a minha vó. Ela não saía da festa de jeito nenhum, tinha que ficar vigiando os “pombinhos” para evitar e ter certeza de que eles não iriam aprontar nada. Ah, e ela ainda diz que não podia mesmo sair de perto da filha, porque se vovô descobrisse ficaria furioso! Bem, toda essa rédea curta, em minha opinião, pode ter funcionado com algumas mulheres da família, menos com uma das minhas tias, que com seus 22 aninhos de idade fugiu de casa com o namorado. Nem preciso dizer que a ira se personificou na cara de vovô e minha avó, ah, essa ficou felicíssima. Disse-me que não era de acordo com aquela “prisão” toda para com as meninas e achou isso bom para mostrar a ele que quando se quer algo, ninguém pode impedir que se consiga. Hoje, minha tia vive feliz no Mato Grosso do Sul com suas três filhas, que, aliás, já estão todas noivas. O grande amor da minha mãe, pai das meninas, infelizmente morreu há alguns anos atrás. 


Um comentário:

  1. Muito bom o texto, parabéns à aluna. É escrevendo coisas simples assim que dominamos a escrita; e é com texto assim que conhecemos mais a história de uma determinada época.

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