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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Pensar pra quê?


É interessante a lógica do "pensar", se é que se pode atribuir a isto uma "lógica".

Conversando com alguns colegas sobre uma série de aspectos da escola onde todos estudamos, o IFRN/Campus Ipanguaçu, cheguei, junto a uma das minhas grandes inspirações filosóficas, Jailma, à conclusão de que nos Institutos Federais do nosso Estado, e certamente de todo o Brasil, não existiam cursos técnicos que contemplassem quaisquer ciências humanas, como Linguística, Literatura, História ou Filosofia. Ao levantar essa questão não tinha em mente o quão "polêmico" o negócio seria. Quer dizer, acho que tinha, apenas não queria explicitar de imediato! 

Logo que o debate foi proposto, alguns colegas saíram logo com a seguinte justificativa, limpa e seca, de que o Instituto Federal não aderia a este tipo de curso porque eles não tinham nada a contribuir para o desenvolvimento da região, no caso, a nossa. Peraí então! Quer dizer que em relação àao estudo da Filosofia, por exemplo, as pessoas da nossa região não precisam pensar? Não devem desenvolver senso crítico sobre as questões que as rodeiam e têm influências diretas e indiretas nas suas vidas?

Outro argumento dos coleguinhas foi que: "O Instituto Federal não tem interesse em questões sociais, pois seu objetivo é proporcionar desenvolvimento econômico pessoal, em primeiro plano, e depois regional." Nesse ponto da conversar, eu e minha amiga, ficamos "passados e engomados em Cristo", tendo em vista que esta não é e nunca foi a visão dos IF's. É tanto que em todos os cursos regulares oferecidos fica bem claro que eles serão "técnicos" E "integrados". Integrado a quê? Ora bolas, claro que à sociedade, ao meio em que vivemos! Estou certo de que formar robozinhos programados para serem os melhores das áreas de Informática e Agroecologia, por exemplo, não é o objetivo dos meus professores no Campus Ipanguaçu, pelo menos. Se há uma coisa da qual me orgulho é do que tenho aprendido por lá. Eu, assim como uma série de outras pessoas, tenho muita sorte de poder conhecer educadores visionários e pensantes e não simples "pessoas" que chegam em sala só falando e falando, sem nem sequer mostrar o sentido de tanto discurso na nossa vida, seja ela acadêmica, pessoal ou profissional.

Vivemos em uma região onde as pessoas têm uma forma de pensar muito arcaica. Em outras palavras, cada um só quer saber do próprio umbigo. Essa é uma questão a ser discutida, pensada, articulada. Acho que tem uma relaçãozinha dos "prós" com os objetivos das ciências humanas, a priori, não acham? "Para bom entendedor, meia palavra basta" é uma frase conhecidíssima. E muito verídica, por sinal. Então, vejamos... Ah, lembrei! Não podemos pensar em uma educação libertária lecionando um monte de "teoria" que não se coloca na "prática". Do pensar, ressalto. Se não for dessa forma, infelizmente estaremos fadados a séculos e mais séculos de forró de plástico e axé music (E só!) por estas bandas, onde Sartre, Aristóteles, Hobbes, Sócrates, Nietzsche e Heidegger serão ideias longínquas e (quase) inatingíveis.

Só para constar, os meninos do "contra" na conversinha são pessoas das quais gosto! A discussão surgiu e discutimos. E só. Eles têm a opinião deles e eu e Jailma, no caso, a nossa. É normal, né?

Mas que fique claro! A relevância de cursos técnicos na área de humanas é clara. Por isso, vejo como uma proposta a se pensar para o Instituto Federal. Se "pensarmos" bem sobre o assunto poderemos ver que a nossa atual sociedade e seus problemas nos remetem à uma causa principal: falta do pensar.
Quero dizer que, se queremos uma sociedade inclusiva, sem desigualdades, onde todos possam gozar de benefícios iguais, ou ao menos semelhantes, precisamos começar a aprender e ensinar a pensar. Não pensar apenas em como resolver sistemas de equações, mas pensar em como as relações pessoais, econômicas e ambientais, por exemplo, ocorrem em nossa sociedade. Ou simplesmente, pensar sobre qual o seu papel por aqui.

P.S - Gostaria de compartilhar minha alegria em saber que minha "profecia" se concretizou! Temos, enfim, Dilma Rousseff na Presidência da República! Democracia!



Um comentário:

  1. -Matheus

    parabéns andré pelas postagens ...
    continue assim ... lutando ... mostrando para todos que a educação éh um meio de se disprender das coisas da vida ...

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