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domingo, 28 de novembro de 2010

Livro da Semana: "A hora da estrela", de Clarice Lispector



Clarice Lispector foi uma mulher intimista, ela não escrevia por fora, mas por dentro. Era essa sua principal característica e marca primordial dos seus textos. Lançada um pouco antes de sua morte em 1977, "A hora da estrela" é uma obra que trata, dentre outros tantos assuntos, da ideia de existencialismo, trabalhada em cima da personagem Macabéa, uma nordestina que sofre retaliações por parte de uma tia durante toda a infância e juventude e, após a morte dessa, parte para a cidade do Rio de Janeiro em busca da vida (será?). Além de apresentar em pouquíssimas páginas mensagens que nos põem diante de reflexões necessárias sobre vida, morte e nossa posição em relação a tudo isso, Clarice toca em um tema de interesse público, ao menos em nossa região, que é a questão das relações discriminativas e preconceituosas voltadas para homens e mulheres sertanejos, nascidos e criados no campo, e que em algum momento de suas vidas decidem enfrentar a cidade grande. 

Macabéa não possui pensamento, dissernimento ou amor próprio aparentes. Em vida. Mas alguém abre os olhos dela, assim como uma infinitude de pessoas que passam pelas nossas vidas com suas verdades. Não é bom negar, não é bom repudiar. Cada um é cada um e o que nos torna alguém são nossas escolhas e jamais nossos bens. Macabéa, mesmo inconsciente disso, escolheu o melhor. Escolheu acreditar. E foi nessa escolha que a vida atravessou o véu da imortalidade e a infelicidade fez-se felicidade, a ignorância fez-se conhecimento e o existir passou realmente a existir.

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