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domingo, 28 de novembro de 2010

O Evento Cinematográfico de 2010


"Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1" é uma obra prima do cinema que vai além das expectativas criadas por cerca de 1 ano e meio de intensos períodos de gravação nos estúdios Leavesden ou nas florestas, e demais locações, da Grã-Bretanha. Diferente do que muitos críticos céticos já pressupunham antes mesmo do lançamento, a primeira parte do final épico do maior estrondo literário em décadas é clara e objetiva na transmissão de suas mensagens, o que somado aos belíssimos figurinos, como foi o caso do vestido de casamento de Fleur Delacour e dos trajes de gala dos protagonistas Harry, Rony e Hermione, e à excepcional trilha sonora de Alexander Desplat, que aguçou ainda mais o tom de emoção, humor e perigo da cada cena, nos rendeu uma produção cinematográfica memorável e digna do status de "clássico". 


Para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de ler os textos de J.K. Rowling, mas assistiram a todas as adaptações para o cinema, o entendimento das sequências desse novo filme da série pode se tornar um pouco difícil, devido à grande quantidade de fatos e situações que acontecem durante as quase 2 horas e meia de duração do mesmo. Porém, nada que uma boa memória e percepção geral da história (no caso de quem assistiu apenas aos filmes) resolva, já que a destreza do roteirista Steve Kloves, junto à direção espetacular, e nada hollywoodiana, de David Yates contribui muito para que o filme não seja "um emaranhado de cenas e mais cenas, que não tenham nada a mostrar e dizer realmente", nas palavras do Sr. Prof. Pasquali - é, aquele mesmo que só fala em gramática e tal. 


As atuações de Daniel Radcliffe (Harry Potter), Emma Watson (Hermione Granger) e Rupert Grint (Rony Weasley) nunca estiveram melhores. Os atores evoluíram bastante em vários aspectos, que vão desde encenação e expressão facial até a total imersão no universo emocional de cada personagem, o que é bem perceptível em vários momentos da história. É uma grande viagem, onde as crianças cresceram e têm nada menos que a missão de procurar e destruir as horcruxes, objetos criados a partir de magia negra, que contêm pedaços da alma do bruxo mais poderoso de todos os tempos, Lord Voldemort. Nossos protagonistas não possuem nenhuma pista, mapa ou caminho certo, inicialmente, em relação à localização desses objetos, o que dificulta sua procura e causa conflitos entre o trio, como a discussão entre Harry e Rony, que acaba na partida deste último até determinado ponto da produção. 


O filme faz juz ao livro, pois é até agora a produção mais verídica em relação à história escrita sem sombra de dúvidas. No entanto, o acréscimo de cenas especiais, que vinha dando errado, de certa forma, nas outras 6 adaptações cinematográficas, brindou aos espectadores de "Relíquias da Morte 1" com o momento em que Harry e Hermione dançam juntos (logo após a partida de Rony) na cabana ao som de "O Children", uma canção belíssima de Nick Cave com participação dos The Bad Seeds, que Hermione está escutando no rádio no momento em que Harry a convida. A química entre Daniel e Emma nesta cena é perfeita. Conseguimos sentir o tom de entrega e submissão de um para com o outro ao dançarem; a vontade de Harry de fazer Hermione sorrir; e o quanto essa se dá no momento, aproveitando cada passo engraçado da dança dos dois. É um dos momentos mais tocantes do filme.



Porém, não se enganem achando que este é um filme de romance apenas. O medo e o suspense ficam por conta dos Comensais da Morte e dos sequestradores, seguidores do Lord das Trevas, mas, principalmente, pela cobra Nagini - esta sim, responsável pelos gritos, sustos e momentos de suspense e apreensão de quem assistiu, e assistirá, a nova adaptação da franquia Potter. Outras figuras bem sinistras e extrovertidas como Batilda Bagshot, Xenofílio Lovegood e Grindewald atraírão a atenção daqueles que tiverem o privilégio de assitir o filme. 



Bem, contar o filme de cima a baixo seria um máximo, mas não essa minha função aqui. Quero apenas deixá-los a par do quão épica e maravilhosa é a primeira parte da adaptação de Harry Potter e as Relíquias da Morte. Este é um filme que mescla romance, tristeza, sofrimento, humor e ação. São sequências fortes, marcantes, nos mostrando o verdadeiro perfil que o livro possui. Vocês estarão acompanhando o início do fim da trajetória de crianças que cresceram no reduto seguro da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e agora encontram-se em fuga constante da morte. Elas lutam pelo bem, belos valores do amor, por tudo que as fez derrotar bruxos malignos, aranhas gigantes, basilisco, dementadores, criaturas mágicas, conspirações políticas e maldições em todos os outros livros/filmes.  E, como nos demais momentos passados da franquia de cinema, eles também contam com a ajuda de grandes heróis nesse novo momento do cinema, como os elfos mágicos Dobby e Monstro, o artesão de varinhas, Olivaras, e do casal anglo-francês, Gui e Fleur. Não é só um monte de feitiços ou bruxos e bruxas. É algo maior que isso, pois a verdadeira magia está nas emoções que essas histórias são capazes de despertar em crianças, adolescentes, adultos e idosos. O real encantamento está na forma de ensinar sobre princípios centrados no bem, sobre a forma de falar da morte e de saber enfrentá-la. 



Eu, assim como milhares de outras pessoas, me sinto triste por saber que está chegando o fim, ao menos temporário, de toda essa história. Sinto um vazio, é como se a ficha ainda não tivesse caído e a gente esperasse que algo a mais viesse. O que nos consola é saber que apesar de tantas críticas, tanto desacreditamento e tanta falta de senso e toque literário por parte de quem insiste em fazer de "Harry Potter" apenas um fenômeno mercadológico de quinta categoria, esta série não será um clássico do futuro. Ela já é. Eu li, meus filhos lerão, os filhos deles lerão e assim a hegemonia da fantasia, da coragem e da incessante batalha do bem contra o mal serão coisas que daqui a 100 anos serão assunto de pessoas como nós. Diferente de outras formas de cultura, que sim, essas passam, a história de três bruxinhos de 11 anos que entram em um castelo cheio de luzes através de um lago e daí crescem e se debatem com coisas e mais coisas só acaba de começar...


Filme da Semana: "A Onda"



Do diretor Dennis Gansel, "A Onda" é uma análise brilhante do poder de contaminação do fascismo nos dias de hoje. Rainer Wegner, professor de ensino médio, deve ensinar seus alunos sobre autocracia. Devido ao desinteresse deles, propõe um experimento que explique na prática os mecanismos do fascismo e do poder. Wegner se denomina o líder daquele grupo, escolhe o lema "força pela disciplina" e dá ao movimento o nome de A Onda. Em pouco tempo, os alunos começam a propagar o poder da unidade e ameaçar os outros. Quando o jogo fica sério, Wegner decide interrompê-lo. Mas é tarde demais, e A Onda já saiu de seu controle. O filme é baseado em uma história real ocorrida na Califórnia em 1967 e é indicado a todos (as) que desejem entender o sistema autocrata e, ainda, como este poderia sim voltar à tona em plena contemporaneidade. Ao assistir tal obra, percebemos que os ideais, preceitos e princípios (se assim podemos chamar) de Adolf Hitler e seu nazismo podem ressurgir do passado da forma mais simples possível: em uma sala de aula. Isso mesmo: alunos e professor. E só. A autocracia, em linhas gerais, é um regime político, onde "todos protegem todos" do grupo, seguem rigorosamente as regras impostas pelo grupo e são liderados por alguém, que "acreditam" exercer o mesmo poder que eles.

Obra apresentada, sintetizada e o convite lançado! Confiram, amigos (as)!

Livro da Semana: "A hora da estrela", de Clarice Lispector



Clarice Lispector foi uma mulher intimista, ela não escrevia por fora, mas por dentro. Era essa sua principal característica e marca primordial dos seus textos. Lançada um pouco antes de sua morte em 1977, "A hora da estrela" é uma obra que trata, dentre outros tantos assuntos, da ideia de existencialismo, trabalhada em cima da personagem Macabéa, uma nordestina que sofre retaliações por parte de uma tia durante toda a infância e juventude e, após a morte dessa, parte para a cidade do Rio de Janeiro em busca da vida (será?). Além de apresentar em pouquíssimas páginas mensagens que nos põem diante de reflexões necessárias sobre vida, morte e nossa posição em relação a tudo isso, Clarice toca em um tema de interesse público, ao menos em nossa região, que é a questão das relações discriminativas e preconceituosas voltadas para homens e mulheres sertanejos, nascidos e criados no campo, e que em algum momento de suas vidas decidem enfrentar a cidade grande. 

Macabéa não possui pensamento, dissernimento ou amor próprio aparentes. Em vida. Mas alguém abre os olhos dela, assim como uma infinitude de pessoas que passam pelas nossas vidas com suas verdades. Não é bom negar, não é bom repudiar. Cada um é cada um e o que nos torna alguém são nossas escolhas e jamais nossos bens. Macabéa, mesmo inconsciente disso, escolheu o melhor. Escolheu acreditar. E foi nessa escolha que a vida atravessou o véu da imortalidade e a infelicidade fez-se felicidade, a ignorância fez-se conhecimento e o existir passou realmente a existir.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

1000 visitantes

Olá, queridos e queridas visitantes do "Na educação, a libertação!".
É um imenso prazer ter chegado, em tão pouco tempo, à marca de mais de 1000 visualizações de página. Fico muitíssimo agradecido a todos (as) que leem meus textos, comentam e sempre voltam à procura de mais ideais libertários. Ou, enfim, das indicações de músicas, filmes e livros.
Tudo isso é feito com muito carinho para poucos (as), já que proponho com este espaço uma revolução, e como diria minha mentora, Priscila Aliança, "não existe revolução sem resistência".
Meu tempo é mega hiper escasso e, por isso, minha vida pessoal está indo um pouco mal. No entanto, o tempo para escrever é sagrado e crucial! É aqui que eu me liberto e proponho tal sentimento libertário aos demais. 

Obrigado visitantes! A educação agradece a participação de vocês. :)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A importância da leitura!


As tecnologias do mundo moderno fizeram com que as pessoas deixassem a leitura de livros de lado, isso resultou em jovens cada vez mais desinteressados pelos livros, possuindo um vocabulários cada vez mais pobres. A leitura é algo crucial para a aprendizagem do ser humano, pois é através dela que podemos enriquecer nosso vocabulário, obter conhecimento, dinamizar o raciocínio e a interpretação. Muitas pessoas dizem não ter paciência para ler um livro, no entanto isso acontece por falta de hábito, pois se a leitura fosse um hábito rotineiro as pessoas saberiam apreciar uma boa obra literária, por exemplo. Muitas coisas que aprendemos na escola são esquecidas com o tempo, pois não as praticamos, através da leitura rotineira tais conhecimentos se fixariam de forma a não serem esquecidos posteriormente. Dúvidas que temos ao escrever poderiam ser sanadas pelo hábito de ler, talvez nem as tivéssemos, pois a leitura torna nosso conhecimento mais amplo e diversificado. Durante a leitura descobrimos mundos novos, cheios de coisas desconhecidas. O hábito de ler deve ser estimulado na infância, para que o indivíduo aprenda desde cedo que ler é algo importante e prazeroso, assim com certeza ele será um adulto culto, dinâmico e perspicaz. Saber ler e compreender o que os outros dizem nos difere dos animais irracionais, pois comer, beber e dormir até eles sabem. É a leitura que proporciona a capacidade de interpretação. Toda escola, pública ou privada, deve fornecer uma educação de qualidade incentivando a leitura, pois dessa forma a população se torna mais informada e crítica.




Amizade



Amizade. É bonita, sincera em sua gênese e dificílima de encontrar por aí. É uma coisa do tipo que não se acha em qualquer esquina. É um valor muito pregado e propagado, mesmo que demagogamente, em nossa sociedade. Mas muito disso tudo é uma ilusão, que é doce até certo momento, até enquanto durem as máscaras e a verdade tão imprevisível apareça e pronto. A verdade é que hoje fazer bons e verdadeiros amigos não é fácil, pois as pessoas estão corrompidas por outros "valores", como o dinheiro, o poder e a inveja. Porém, sempre há uma luz ao fim do túnel para aqueles que acreditam em sua real existência. Ainda existem boas pessoas em nosso mundo e são dessas que poderemos nos valer, porque mesmo que vivam em pequeno número aqui em nossa Terra, sua beleza, bondade e justiça são tão grandes e virtuosas que chegam a dar as esperanças que nós cultivamos, muitas das vezes diferentes, assumo, mas sempre findando no ideal de um mundo que veja bem além da necessidade de poder e dominação. O sentimento de amizade é complexo de se descrever, talvez impossível. Reconhecemos a amizade não só pelas palavras que a descrevem, mas muito mais pelas sensações e emoções que ela irradia.

Durante toda a nossa vida conhecemos pessoas, em grandes e pequenos números. Fazemos ótimos amigos e amigas, que com o passar dos tempos são separados da gente, seja pelas nossas escolhas, seja pelas deles. O que fica é o que foi construído antes de cada um seguir um lado da vida. A gente acha que nunca vai se afastar, que sempre vai estar ali do lado, que seremos os melhores amigos do mundo até que a morte nos separe. Ilusão, infelizmente. As coisas mudam e as pessoas também, feliz ou infelizmente, que o seja. 

Interessante isso, pois mesmo já tendo passado por essas transições, agora me ponho à frente de outra dessas e ainda me parece tão estranho e me faz sentir tão mal. Mas bem, ao menos já sei o "porque" de me sentir assim. Novidade é que: paralela à transição de "perda" cresce o "ganho", pois em uma viagem recente feita com pessoas interessantes pude conhecer melhor gente que não tinha tido a oportunidade de conviver mais tempo antes. Amizades novas nasceram, expectativas também. Já penso que durarão para sempre! Estranho, não? Mas é... O que seria do homem se ele não se desse ao luxo de sonhar?

sábado, 20 de novembro de 2010

20 de Novembro - Dia da Consciência Negra


Comemorado no dia 20 de novembro aqui no Brasil, o dia da consciência negra é mais uma oportunidade de por em xeque a questão do negro, sua inserção social e representação histórico-cultural. A data foi escolhida no intuito de coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1965. Mais do que uma simples "data comemorativa", este dia tem uma carga de necessidade e responsabilidade social por si só, pois pressupõe-se aqui que todos os dias 20 de novembro deveriam ser dedicados a homenagear a figura negra, suas identidades. No entanto, ainda estamos no momento de debater sobre a real situação dos negros e afrodescendentes em nosso país e mundo. E não de simplesmente comemorar.

Todos os anos, todos os dias, todas as horas renovo minhas esperanças de que a educação é o caminho mais eficaz e seguro na busca do respeito mútuo à diversidade étnico-racial e às identidades culturais, principalmente. O primeiro passo para que a educação étnica possa realmente ser algo real em nosso país é promover a implementação da Lei 11.645/08 nas escolas brasileiras. O seu texto é bem claro quanto à OBRIGATORIEDADE do ensino da história e cultura africana, afrobrasileira e indígena nas turmas de ensino básico e tecnológico público do Brasil. 

O principal desafio a que todos devem se propor vencer é estudar/ensinar as relações de diversidade cultural e étnica sem hierarquizá-las. Não há como falar de educação libertária com imposição de condutas pessoais em sala de aula ou em qualquer outro contexto. Exemplificando... o professor curte muito o forró de Luiz Gonzaga e não gosta nada de Aviões do Forró. Em sala, ele destrói o forró  de um e só fala do outro. A ideia não é bem essa, entendem? É óbvio que há muitas letras de Luiz Gonzaga que tratam de questões sociais, denúncia, vida pessoal e tal. Enquanto que nas letrinhas de Aviões isso não é tão efetivo. Trocando em miúdos, o papel do professor neste caso é apresentar ao aluno as origens do que ele escuta e gosta e, então, propor comparações e paralelos. É bem mais útil e libertário, digamos, pois o aluno não vai se sentir oprimido pelo seu profe. Uma saída interessante é mostrar o que há do forró de Luiz Gonzaga no forró de Xandinho e Solange, por exemplo. Ritmo? Instrumentos? Temática? 

A questão é que vivemos em uma sociedade em que a cultura de massa é sempre muito bem vinda para  maioria, no caso, a massa. E temos que ter jogo de cintura em sala de aula para lidar com isso sem menosprezar os conhecimentos prévios do aluno. Ele sabe, mas não sabe que sabe (na maioria das vezes). Una o útil ao agradável e promova o respeito à diversidade cultura, étnica e identitária!

Filme da Semana: "Sociedade dos Poetas Mortos"


"Ele fez de suas vidas algo extraordinário"

O professor John Keating entra na sala de aula assobiando, é o primeiro dia do ano letivo, passa pelos alunos e desperta olhares curiosos, encaminha-se para uma outra porta, de saída para o corredor, todos seus pupilos ainda estão de sobreaviso, curiosos e sem saber o que fazer. Keating olha para eles e faz um sinal, pedindo que os estudantes o acompanhem. Todos chegam a uma sala de troféus da escola, onde ao fundo podem ser vistas fotos de alunos, remontando ao início do século, fazendo-nos voltar ao começo das atividades da escola. Pede-se silêncio e, que a atenção de todos volte-se para os rostos de todos aqueles garotos que freqüentaram aquela tradicional instituição de ensino em outros tempos.

O que aconteceu com eles? Para onde foram? O que fizeram de suas vidas? Suas vidas valeram a pena? Perguntas como essas são lançadas aos alunos. Muitos ainda sem saber o que estariam fazendo ali, afinal, não era para estarmos estudando literatura inglesa e norte-americana?

Desconforto e desconserto. O personagem do professor Keating, vivido pelo eclético e versátil (além de extremamente talentoso) Robin Williams, conseguiu o que queria. Deixou seus alunos em dúvida. Iniciou seu relacionamento com eles tentando demovê-los de sua passividade, provocando-os a uma reflexão sobre a vida. Afinal, será que estamos fazendo valer nossa existência? "Carpe Diem", ou seja, aproveitem suas vidas, passou a ser como uma regra de ouro a partir de então para alguns de seus alunos, afinal, vejam o exemplo daqueles que já estiveram por aqui (retratados nessas fotografias esmaecidas, amareladas) e pensem se vocês querem que o tempo passe e vocês venham a se tornar "comida de vermes" em seus caixões sem que nada do que tenham feito por aqui tenha repercutido (como, acreditem, muitos desses jovens das fotografias o fizeram, deixando passar a vida sem perceber a riqueza contida na mesma).

Para fazer com que suas existências tenham valor vocês devem viver com intensidade cada dia que lhes é dado, cada momento que lhes é concedido, cada experiência a qual tem acesso, diz com sabedoria inconteste o ilustre mestre Keating. Por isso, repete, "Carpe Diem".

"Sociedade dos Poetas Mortos" foi, em seu ano de lançamento (1989), candidato ao Oscar em várias categorias, levou para casa o prêmio de melhor roteiro (com enorme justiça dado a Tom Schulman) e, para a decepção de muitos (entre os quais me incluo), não foi agraciado como a melhor produção daquela temporada. Uma injustiça irreparável tendo em vista a qualidade do roteiro, a mão sensível do diretor Peter Weir, a atuação de Robin Williams e do jovem elenco que depois ganharia notoriedade em outras produções pelas suas grandes habilidades dramáticas (principalmente Robert Sean Leonard e Ethan Hawke) e a fotografia excepcional com locações lindíssimas.

Como já se viu, trata-se da história de um grupo de jovens alunos que tem o privilégio de trabalhar com um professor visionário, de atitudes inesperadas, que os instigou a pensar por conta própria (o que lhe rende críticas dos colegas e da instituição) e que arrebatou-lhes os corações. Por ter sido aluno dessa escola, Keating teve sua vida acadêmica retratada nos famosos "Year books" das "high schools" norte-americanas e, entre as informações sobre esse nobre aluno, consta uma a respeito de ter participado de uma tal "sociedade dos poetas mortos". Essa informação desperta a curiosidade dos alunos, que lhe pedem informações acerca das atividades desse grupo. Informados de que se tratava de uma turma de alunos que se reunia para ler poesias e aproveitar tudo aquilo que aqueles grandes escritores tinham produzido para seu próprio prazer e engrandecimento, resolvem fazer com que a "Sociedade" ressurja.

Não é só a sociedade que retoma suas atividades, todos os alunos envolvidos se vêem as voltas com uma verdadeira renovação em suas existências, todos encontram novos interesses e vocações, todos parecem ter despertado de um sono profundo, de uma letargia tão envolvente que parecia tragar-lhes a juventude sem possibilidade de volta.

O professor Keating deu a eles uma oportunidade sem igual e, ao mesmo tempo, fez com que os estudantes fossem se encantando com a literatura (que nos fala daquilo que é essencial, verdadeiramente fundamental em nossas vidas, o amor, a amizade, a paz, a dor e as desilusões; segundo Keating, estudar para que nos tornemos advogados, engenheiros ou médicos é importante, mas o que torna nossas existências válidas tem a ver com o espírito, com o prazer e, a poesia, a literatura, são fontes riquíssimas nesses quesitos).

Ao lidarmos com adolescentes muitas vezes, por conta do excesso de atividades, dos programas extensos que temos que cumprir, das avaliações ou do nosso próprio descaso, deixamos de vê-los como pessoas em formação, que alimentam sonhos e fantasias (que muitos de nós parecemos ter esquecido lá atrás, no tempo de nossas próprias juventudes), que planejam verdadeiras revoluções (dizem que quando temos 16 anos queremos incendiar o mundo e que, ao chegarmos a idade adulta, nos tornamos bombeiros; a maturidade é saudável, no entanto, devo dizer que preservar alguns focos de incêndio acesos em nossos corações e mentes também é fundamental. Sonhar é preciso!) e que, necessitam desesperadamente de nosso apoio e orientação, de nosso carinho e atenção.

Keating incorpora nosso idealismo, nossa pureza de princípios. Os alunos simbolizam a força e a vitalidade do novo, dos elementos de transformação que esperamos venham a transformar esse mundo num espaço muito mais justo, mais equilibrado. Há no entanto, os choques com as forças conservadoras, com a opressão da ordem que não aceita desequilíbrios (mesmo sabendo-se que eles trarão recompensas e melhorias). Nesses confrontos nem sempre o que está por vir é o que gostaríamos que acontecesse.

"Sociedade dos Poetas Mortos" é um filme imperdível para quem ama a educação, para quem alimenta ideais de reformular, para quem tem um profundo respeito e preocupação com essa juventude com que trabalhamos. Discutir esses temas todos, reformular as nossas práticas, alimentar nossos sonhos, rever posturas e condutas e, principalmente, olhar para nós mesmos e para nossos alunos em busca daquilo que nos faça sentir orgulho do que fizemos em nossas vidas, vale o ingresso. Boa diversão e "Carpe Diem"!

Livro da Semana: "Harry Potter e as Relíquias da Morte", de J.K. Rowling


"A morte é apenas a próxima aventura"

A indicação de leitura desta última semana não poderia ser tão especial para mim quanto "Harry Potter e as Relíquias da Morte". Falo como fã de toda a série, composta por 7 livros, e também como estudioso de Literatura Fantástica e dos próprios livros da Rowling. Há uma coisa a se dizer inicialmente: este livro encerra o evento literário do século, o que trouxe à luz da importância do ato de ler por prazer a mais que "algumas crianças". Não foram apenas milhares de leitores (as). Foram e são bilhões de pessoas a conhecer a magia do texto de Joanne Kathleen sobre o menino bruxo Harry Potter.

Em meio a uma série de críticas dos "acadêmicos conservacionistas", que resumem o livro a "mais um de literatura de entretenimento", a obra não vem perdendo qualquer espaço do que já havia conquistado. Pelo contrário, parece-me que em revide à falta de compreensão e tato literário dos  (as) academicistas para lidar com "Harry Potter", os livros (especialmente "Relíquias da Morte") só têm ganhado e formado mais leitores (as) árduos mundo à fora. É um fato: crianças que mal liam livros de 100 páginas para trabalhos escolares ou leitura pessoal passaram a ler 500 páginas de UM livro da série Harry Potter em uma semana, por exemplo. 

Em "Harry Potter e as Relíquias da Morte", os valores humanos são escancaradamente expostos ao leitor (a) nas ações que transcorrem as quase 600 páginas do livro. Não é livro de bruxaria ou feitiçaria, não induz crianças/jovens a praticarem magia negra. Na verdade, mostra o quão importantes são alguns valores que a nossa sociedade deixou passar, deixou de ensinar às crianças e cultivar entre os adultos. O bem, a amizade, o amor, a lealdade, a coragem e a inteligência são provas vivas das relações entre o mundo de Harry e o nosso. É, no mínimo, intrigante pensar em que se baseiam as pessoas que nem sequer leram qualquer um dos exemplares da série, mas ainda assim estão munidos de facas e pedras para falar da "irrelevância" da leitura de Potter.

Nas palavras de Voltaire, o simples fato de você criticar algo que não tenha lido e, assim, não conheça verdadeiramente, já é o bastante para desvalorizar qualquer crítica que você faça à qualquer obra. Por isso, valorizo tantos estes livros e também é por causa disso que acredito, e invisto, na utilização destes livros para atrair as crianças para o mundo da literatura, o mundo que realmente dá chances mais concretas e abstratas (e pode?) de o indivíduo conhecer e ter acesso a mundos diferentes, atraentes e totalmente abertos à sua compreensão. Parece muito, mas não é. A leitura é bem mais que isso. Só dei um "gostinho". 

Indico com toda a convicção e ponho minha cara à tapa, subjetivamente falando, a respeito da leitura das "Relíquias da Morte". É um livro belíssimo e que merece ser lido. Agora, atenção! Ele é o último se uma série de 7. Talvez isso não atrapalhe o entendimento, talvez sim. Mas, a indicação está lançada. Que tal aprender a gostar de ler?

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Nota de esclarecimento


Queridos e queridas visitantes,

peço muitas desculpas a todas (as) que ficam ligados (as) nas postagens do "Na educação, a libertação"! Na verdade, eu e um monte de colegas estamos trabalhando muito aqui em Maceió, Alagoas, no CONNEPI - um  evento de pesquisa e inovação científica que reúne todos os anos a produção acadêmica dos estados das regiões Norte e Nordeste do Brasil! Em breve, estarei atualizando e retomando o tempo de atraso, ok? 

Muito trabalho, é verdade. Mas só a companhia de pessoas como Caíque, Cherlyson e Hugo (falando apenas da prole máscula) já é um verdadeiro descanso, pois é como juntar diversão, poesia e zuação. Bons tempos aqui em Maceió, sim.


E em relação às moças, bem...
Aproveitando bastante a companhia de Maila, Clarisse, as Marianas, Luany (com seu distúrbio psicótico de medo) e Corina!





segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Persona non grata



"Os perfis de texto que mais afugentam o leitor"


1. O AFETADO

Quer passar a imagem de que está em sintonia com as ideias da moda, daí sobrecarregar o discurso com frases de efeito, mas que o conectem a uma certa identidade ou tendência. Assume o risco de tornar o texto difícil, com termos extravagantes, estrangeirismos, cifrados, além de expressões vazias de sentido.

2. O ARROGANTE

É o texto de quem banca o sabe-tudo. Não importa a eficácia da mensagem, mas a construção de uma imagem de domínio do assunto, qualquer que seja ele. Daí textos ao mesmo tempo prolixos (a transpirar sapiência técnica) e simplificadores (para tratar o leitor como um ser inferior).

3. BACHARELESCO

Estilo academicista, diz o simples de modo complicado. Confunde clareza com falta de precisão. Trata tudo com formalidade, mesmo o insignificante e o senso comum. Imagina um leitor informado, e por isso evita ser minucioso demais e adianta conclusões. Mas como o leitor nem sempre é outro acadêmico, deveria esclarecer cada ponto.

4. O CONFUSO

Texto truncado, sem encadeamento lógico de ideias, revela alguém a ignorar que o modo de apresentar os fatos já é, em si, um argumento. Repetições e raciocínios truncados ocorrem quando, por exemplo, uma observação particular é seguida por uma geral e depois dá lugar a outros aspectos particulares.

5. O PICARETA

Falso criativo, não entrega o que promete. Trabalha com valores consagrados, criando uma espécie de positivo absoluto, um texto "curinga" repleto de valores inquestionáveis que se adaptam a qualquer tipo de redação, ainda que não digam a que vieram. Sábio o bastante para dizer coisas que significam tudo e nada.

6. O SUBALTERNO

A linguagem aqui não é só burocrática como vaga, pois não assume compromissos nem responsabilidade, pois teme a hierarquia e as instâncias de poder superior. Evita correr riscos pelo leitor, por isso não o surpreende.

7. O TÍMIDO

Texto burocrático, cheio de clichês, que mostra falta de familiaridade com outras soluções de escrita: tende a moldar a mensagem a fórmulas conhecidas. O texto traz um redator hesitante, de raciocínio sequencial, pouco criativo, crítico consigo mesmo ao escrever, talvez por ter sido muito reprimido no processo escolar.

8. O VERBORRÁGICO

Com frases longas, empoladas e enfileiradas, acredita que do contrário seria tomado por simplório. A erudição forçada e a preocupação excessiva com a estruturação das fases trazem a fragilidade de conteúdo. A linguagem se torna pouco clara, inclusive a um leitor técnico.

E aí, pessoas? Vocês se encaixam em qual dos estilos citados acima? 

À primeira vista, parece ser um texto "preconceituoso" e "discriminatório". Mas, na verdade, não o é. As 8 classificações acima mostram alguns dos "tipos" de inadequações presentes nos textos que escrevemos diariamente com diversificados fins, desde um bilhete para a mãe até um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Discordo muito de que qualquer pessoa se encaixe em um dos grupos referidos, até porque o estilo em relação à escrita é algo que não pode ser resumido a tão pouco. 

Cada um, a partir de agora, poderá avaliar melhor o que escreve e tentar se distanciar dos 8 excessos (e não "erros) mostrados anteriormente. Até porque, utilizar um vocabulário padrão formal, utilizar termos tecnicistas, mostrar domínio sobre assuntos da atualidade e atribuir, em certos casos, algum clichê ao seu texto é normal e útil, dependendo de que mensagem (ns) você deseja transmitir. Em doses coerentes, as inadequações textuais e linguísticas podem dar um tom criativo e ajudá-los a construir e consolidar uma personalidade redatora!

Pensem nisso! E não se deixem influenciar por críticas destrutivas em relação ao "jeito" como escrevem. Parta, inicialmente, do princípio de que só por estar lendo este texto, vocês já estão anos luz, em termos de conhecimento dos mecanismos da língua, do que quem apresentou a "notória" crítica contra um vocabulário "muito exibicionista" ou "muito pobre", exemplificando.

Escrever com personalidade


Todo texto, por mais impessoal que seja, projeta uma imagem de seu autor. Para especialistas da linguagem, no entanto, controlar essa imagem deixou de ser sonho exclusivo dos escritores profissionais e virou objeto  de desejo generalizado pelas necessidades de comunicação numa economia cada vez mais global, digitalizada e despersonalizante.  Para Moacyr Scliar, autor do romance "Manual da Paixão Solitária", livro do ano no prêmio Jabuti 2009, a formação de um caráter por escrito resulta de uma combinação de fatores.
- Autores e autoras não decidem que espécie de estilo terão. Isto não é o fruto de uma decisão consciente, vai brotando espontaneamente, como resultado de um background psicológico e cultural, do gênero escolhido e de outros fatores.

Na literatura, avalia Scliar, são mais evidentes as condições de formação de um estilo.

- A consolidação do estilo é o resultado da maturidade do escritor, que a partir daí pode ser reconhecido à vezes num único parágrafo. Guimarães Rosa, por exemplo, é único, e o mesmo podemos dizer de um Kafka, de um Drummond, da Bíblia - pondera Scliar.

Mapear os elementos que compõem a "personalidade" de um texto não só na literatura, no entanto, é tarefa complexa, tal o número de variáveis envolvidas. Mas a impressão que se tem do conjunto, seja ele uma mensagem a um amigo ou um relatório de trabalho, é o que conta. Para Alerte Salvador, que junto com Dad Squasiri publicou "A Arte de Escrever Bem" (editora Contexto), a extensão das frases, bem como a escolha de palavras, é um dos aspectos que mais salta aos olhos na definição de uma voz própria por escrito. 

Dentro do que fora dito, principalmente, pelo Moacyr Scliar, é muito importante reconhecer alguns pontos bem relevantes no que diz respeito à construção da personalidade no ato de escrever. São eles: a "Impessoalidade", a "Apropriação", a "Imitação" e/ou o "Afeto investido".


domingo, 14 de novembro de 2010

2ª SEMANA DE LÍNGUAS - EMANS




Secretaria de Educação de Ipanguaçu
Escola Municipal Adalberto Nobre de Siqueira
Assentamento Tabuleiro Alto/Ipanguaçu, RN

CONVITE

            “A literatura salva!”, já dizia Clarice Lispector. E é por total reconhecimento ao prazer de ler e à sua importância em diversos contextos, que os alunos de 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental II da Escola Municipal Adalberto Nobre de Siqueira (Tabuleiro Alto) estarão realizando a 2ª edição do projeto “Semana de Línguas”, tendo como tema nessa nova apresentação “A magia da palavra no limiar da Literatura Fantástica”. Com base nas leituras de textos de fantasia como “O Pequeno Príncipe” (6º ano), “Harry Potter e a Pedra Filosofal” (7º ano), “Alice no País das Maravilhas” (8º ano) e “As Crônicas de Nárnia” (9º ano) a 2ª exposição literária guarda surpresas belíssimas que exalam por si só os aromas da boa leitura, da leitura prazerosa. Sua participação é muito importante dentro desse evento das letras! Por isso, temos a honra de convidá-los (las) a vir prestigiar os trabalhos dos (as) alunos (as) durante as atividades a serem realizadas nos os dias 24, 25 e 26 de novembro/2010

Atenciosamente,
André Magri Ribeiro de Melo
(Professor de Língua Portuguesa e suas literaturas & Cultura do RN)
Andréia Laureano
(Supervisora Escolar do Ensino Fundamental - Anos Finais)

PROGRAMAÇÃO DO EVENTO:
24/11 – Quarta Feira
25/11 – Quinta Feira
26/11 – Sexta Feira
13h30min – Abertura Oficial
13h30min – Sessão de Comunicação Oral
13h30min – Abertura da 1ª Gincana Literária da EMANS.
14h00min – Exposições e visitação da comunidade escolar.
14h30min – Palestra: “Usos e sentidos da Literatura Fantástica em sala de aula”
16h30min – Cerimônia de premiação da gincana literária, Olimpíada de Língua Portuguesa 2010 e Concurso de Redação.
16h00min – Apresentações Culturais (6º, 7º, 8º e 9º anos – EF II).
15h30min – Oficina: “A Fantástica Fábrica de Jogos no ensino de Línguas”
17h15min – Baile Fantástico (apenas para alunos do EF II e equipe escolar).

Por que ler um clássico?

Amigos (as) leitores (as)

Creio que muitos de vocês devem saber o que é um clássico da literatura universal!

É um livro que foi muito apreciado desde sua primeira publicação e, ao longo do tempo, traduzido para vários idiomas, continuou sendo lido e apreciado no mundo todo. Ultrapassou as barreiras do tempo e do espaço, tornando-se universal, isto é, uma obra consagrada por toda a humanidade. Os livros e os autores clássicos marcam a história da literatura. Além da emoção da história, a leitura de um clássico pode nos trazer muitas informações interessantes. Pense bem, nosso jeito de viver não surgiu do nada. As maneiras de pensar de cada época, a maneira de escrever dos autores, o jeito de ser das pessoas não são sempre os mesmos. Uma época influencia a outra, um país influencia o outro, e os costumes vão se transformando. Mas suas marcas não desaparecem. E essas transformações vão sempre continuar acontecendo. É assim que se faz a História, com H maiúsculo. Lendo os clássicos, podemos conhecer um pouco da nossa História, reconhecer muitas dessas maneiras de ser e de pensar que nos influenciaram e que deram origem ao nosso modo de viver e de pensar. Muitos livros escritos hoje acabarão se tornando clássicos. Mas só o passar do tempo mostra quais são as obras clássicas, aquelas que vieram para ficar, que sempre continuarão sendo lidas com interesse.

Filme da semana: "Ratatouille"



"Qualquer um pode cozinhar!"

A fantástica animação "Ratatouille" é um filme aparentemente indicado às crianças, mas que é mais um daqueles casos em que obras infantis apaixonam e têm muito a ensinar aos próprios pais das crianças, por exemplo. "Qualquer um pode cozinhar" é o lema do aclamado cozinheiro francês, Chef Gusteau, e toda a história é centrada nesta pequena frase de 4 palavrinhas.

Em um dos restaurantes mais refinados de Paris (O Gusteau's), Remy, um ratinho que adora cozinhar, sonha em se tornar um renomado chef. Contrário aos desejos da família, ele segue sua vocação e, junto com o atrapalhado Linguini, se envolve em uma hilária sequência de acontecimentos que vão deixar a cidade-luz de cabeça para baixo. Ratatouille é tão divertido que vocês irão querer repetir várias vezes.

Por favor, não deixem de prestigiar essa obra-prima da fantasia e da culinária! É um filme com muitas lições a dar. E o melhor! As lições não são para um grupo de pessoas e sim para todas!

Aos profes de plantão, é uma ótima indicação para trabalho em sala de aula, digo em Língua Portuguesa, minha área, já que é se trata de um texto audiovisual e em forma de desenho, o que atrairá certamente a atenção dos pequenos. Utilizei-o com minhas turmas de 6º e 7º ano, seguindo o seguinte processo:

1. Exibição do filme;
2. Comentários sobre o filme: alunos e orientador;
3. Produção de Comentário escrito sobre o filme (opinião);
4. Correção ortográfica/sintática/textual em sala, por meio da apresentação em quadro das palavras com grafia inadequada à norma padrão da língua e da forma adequada, sem citar o nome de ninguém que as tenha escrito!;
5. Oficina de Produção: trabalho com gêneros textuais instrucionais - o caso da "receita".

Adquira o filme da semana, "Ratatouille", através deste link: http://www.siciliano.com.br/produto/2579449/ratatouille-ra-ta-tui-dvd4/2579449?ID=BD7FBE6B7DA0B0C1329200331&FIL_ID=102

Adquira o livro ilustrado "Ratatouille", através deste link: http://www.siciliano.com.br/produto/1972862/ratatouille-em-busca-de-um-sonho/1972862?ID=BD7FBE6B7DA0B0C1329200331&FIL_ID=102

Livro da semana: "A Revolução dos Bichos", de George Orwell


Quando foi publicado, em 1945, depois de rejeitado por vários editores - entre eles o poeta T.S. Eliot -, "A revolução dos bichos" causou mal estar no establishment literário e político da época, pois foi imediatamente percebido como uma sátira feroz da ditadura stalinista, e os soviéticos ainda eram vistos como aliados na luta contra o nazifascismo. Para agravar o desconforto, os líderes do regime totalitário da Granja dos Bichos eram os porcos - o que soou como uma ofensa direta aos dirigentes russos. De fato, a analogia era escancarada. Como não identificar nos expurgos, nos assassinatos, nos exílios e na distorção da memória histórica o que estava ocorrendo na União Soviética? Como não ver Stálin no despótico Napoleão e Trotski no proscrito Bola-de-Neve?

Poucos anos depois, a situação se inverteu: com o acirramento da Guerra Fria, o Ocidente passou a usar a fábula política de George Orwell como arma ideológica anticomunista - situação incômoda para o próprio autor, que se professava socialista e havia lutado como voluntário ao lado dos republicanos na Guerra Civil Espanhola.

Hoje, passadas seis décadas de profundas transformações na face do mundo, esta pequena obra-prima resiste intacta como trabalho de fantasia em torno dos mecanismos do poder, no qual os diversos animais encarnam as fraquezas humanas que levam à corrosão dos ideais igualitários e sua transformação em tirania. 

Fundindo o estofo ético das fábulas clássicas à melhor tradição da sátira política, à maneira de Jonathan Swift, Orwell nos dá aqui uma visão perene e pessimista da política, lugar onde os homens, no mais das vezes, comportam-se como feras. A construção narrativa engenhosa, o cuidado na descrição de ambientes e situações, o humor onipresente, bem como a criação de personagens psicológica e moralmente complexos, tornam a leitura de "A revolução dos bichos" prazerosa e iluminadora mesmo para quem desconhece o contexto histórico-político que inspirou o livro. Por isso continua sendo um clássico que apaixona os mais variados tipos de leitor pelo mundo afora.


terça-feira, 9 de novembro de 2010

Com vocês, o espetáculo da negação!


"Não dá certo!", "Não gosto disso", "Os alunos não vão aprender nada com isso!", "É perda de tempo!", "Eu mesmo nem vou!". Chega! Escutar essas lamentações típicas de professores acomodados e preguiçosos ao extremo de vez em quando ainda vai. Agora, diariamente é dose! Conviver todos os dias com as demonstrações científico-tecnológicas dos queridos colegas de que alunos de escolas municipais e públicas estão destinados ao fracasso e que não vão aprender nada além de metade da tabuada, uma classe gramatical aqui e outra aculá e, com sorte, os pronomes do verbo Tobby é o máximo que esse povo acha que eles irão aprender, né? Pois tá certo! Digo e repito: "PROFESSORES VITIMADOS SÓ PODEM TER ALUNOS ALGOZES!"

A pérola da "prole universitária" da vez surgiu durante uma reunião pedagógica quinzenal, junto à supervisão escolar. Foram discutidos vários pontos, desde os diários de classe até à situação dos possíveis candidatos à reprovação no final do ano letivo. Falou-se também sobre a participação da escola nas festividades do 62º aniversário da cidade, onde haverá o famoso Desfile Cívico com o tema: "A África da luta, do revide e da libertação: Ipanguaçu agora conta a história de uma nação". O tema que coube à escola foi relacionado à ancestralidade dos cultos africanos. Em outras palavras, religião. A supervisora dos anos finais do EF propôs que trabalhássemos em sala os conteúdos antes mesmo de começar a pensar em alas, figurino e tal, ponto de extrema relevância no ensino dos meninos. Proposto isso, vamos aos comments:

"Olhe, eu acho tudo isso uma besteira! Uma grande perda de tempo! Pra quê esses alunos estudarem essas coisas lá do outro lado do mundo? Onde é que isso vai alterar a realidade deles? Isso tudo é só faixada! Ninguém aprende nada, pode ter certeza!"

"Vixe! Não gosto desses negócios de orixás não! O Senhor me livre, mas isso não é coisa de Deus."

"Bem, eu posso até passar na sala pros alunos, agora Deus que me livre e tire da minha cabeça qualquer lembrança disso tudo. Ó, Senhor Jesus. Isso não é coisa do Senhor não."


É, eu estou em choque! OH, MY GOD! Com professores assim, quando é que a educação brasileira vai mudar? Onde vamos com tanta discriminação, intolerância e burrice? Dentre muitas das opiniões que formei com base nos disparates aí em cima eu só posso concluir uma coisa: conhecimento vai  dar no inferno! Por isso, o convite à burrice foi lançado! E que vençam os mais fracassados. 

Todas as ótimas perspectivas que eu tinha a respeito da formação universitária foram pro beleléu tem um tempo, pois eu pensava que nas universidades as pessoas eram instruídas a pensar, a aprender a ensinar e formar cidadãos críticos e pautados no respeito às diversidades culturais, sejam elas de cunho religioso, artístico, social ou sexual. O que esses (as) professores (as) disseram é o cúmulo do absurdo. Isso é simplesmente jogar todas as fichas a serem depositadas no sonho da educação libertária no lixo! Questionei um (a) deles (as) sobre a importância de os alunos negros e pardos, principalmente, terem ideia de sua identidade cultural e do porque, por exemplo, de terem traços físicos similares como textura do cabelo, contorno facial e cor da pele, mostrando que isso era um das contribuições que a escola e, certamente, os professores deveriam dar para os alunos, tendo em vista os altos índices de racismo, preconceito e discriminação para com os afrodescendentes. Resposta... Tchanrã! "Você acha que isso vai acabar o racismo? Isso não vai ensinar nada a eles!". A partir daí, eu realmente vi que não havia motivo para continuar participando da reunião, onde a supervisora e meu colega professor de Língua Inglesa eram os únicos a pensar como eu. A forma como a religião deixa as pessoas burras e cegas é absurda. O ruim disso tudo é você ter de ser ético e seguir convenções morais em relação ao que pretende falar. Você quer falar coisas do tipo: "Olha, deixa de ser ignorante, sua pedra! Você tá fazendo o que por aqui? Se não quer dar aula, vai ser jardineiro, coveiro ou policial, mas se afaste da educação!" No entanto, o máximo que você "deve" dizer é: "Bem, discordo da sua opinião e não vejo fundamentos pedagógica e educativamente construtivos nela!" Não é pra se morder? Mas paciência um dia acaba, e aí, bem, não sei se vou manter o salto no lugar. 

O pior é que quem perde com tudo isso são quem? Os alunos! Os alunos que têm DIREITO à boa educação e formação cidadã! Os alunos que merecem RESPEITO por parte de seus educadores, sem serem tratados como água de vaso sanitário! Os alunos que DEVERIAM TER uma educação étnico-racial pautada nos princípios do respeito da diversidade, onde a cultura é algo que não deve se mostrar hierarquizado. Mas o que temos, infelizmente, são uns tantos teachers como os que deram origem à minha revolta escrita aqui no post.

Mas existe uma coisa que me faz rir dessa situação toda, pessoal. E é o seguinte: em cada uma das minhas turmas, do 6º ao 9º ano, foram criados grupos de estudo em História , Cultura e Identidade Africana e Afro-brasileira, onde os alunos do interior, carentes, menosprezados, desacreditados e humilhados estão estudando literatura de ícones da prosa fantástica africana, lendo fundamentos teóricos de estudiosos da negritude e, é claro, analisando o conceito de "identidade" do Stuart Hall. Bem, os profes continuam na deles lá, só com o velho e carcomido livro didático. Trocando em miúdos, os alunos agora continuam sendo do interior e carentes, mas além disso são valorizados, engajados, assíduos, estudiosos e sensíveis! Melhor correrem, licenciados! O pessoal da zona rural tá passando anos luz de vocês, humana, acadêmica e cognitivamente falando!


domingo, 7 de novembro de 2010

O trabalho na construção da dignidade humana - ENEM 2010



Em plena contemporaneidade, nossa sociedade ainda caminha a passos lentos no que diz respeito ao (re) conhecimento e à (re) valorização do trabalho, enquanto elemento dignificador de homens e mulheres em seus respectivos contextos situacionais sociais.O Brasil, por exemplo, é uma nação que se vangloriou durante um extenso período de sua história pelo domínio e escravidão de milhares de negros (as) africanos (as) nos trabalhos de cunho doméstico e agrícola. Porém, é possível perceber, em uma ótica mais construtivista e dignificadora do que a cerca de 30 décadas atrás, por exemplo. É interessante pensar nas mudanças que o trabalho pode exercer sobre as pessoas: mudando-as e moldando-as em detrimento do sentimento de estar sendo útil a alguém. Os homens são movidos pelas convenções mundanas, mas não poderiam viver em negação à sua natureza, aos seus desejos incessantes de procurar no ato de ensinar, cozinhar, gerenciar ou plantar, por exemplo, a dignidade de suas vidas - o "porque" de existirem. Vejamos o caso de um professor, um ofício de utilidade pública e subjetividade indescritível. Apesar de todo o cerceamento social em torno do docente, o seu trabalho é, possivelmente, o mais digno de todos, pois é ele o grande protagonista das atividades humanas, já que todo e qualquer trabalho partirá dele. Dessa forma, cabe a todos, enquanto cidadãos e cidadãs pensantes, estudar a fundo as relações trabalhistas e evolucionárias da nossa sociedade para que, então, possamos usufruir de um pensamento dignificador, a priori, em relação à construção das identidades humanas.

sábado, 6 de novembro de 2010

Todos diferentes, todos iguais.

Se entregar às coisas novas é algo encantador, mas temoroso. A primeira vez nos intriga, nos assusta, nos põe em condição de vítima de algo que nem sabemos direito o que é. É assim que me sinto ao compartilhar com vocês um poema de minha autoria que trata de um dos temas que mais defendo e debato, que é o respeito à diversidade cultural. Está ruim, provavelmente, mas espero que alguém veja com calma cada palavra que o compõe, pois apesar de não ser um Ferreira Gullar ou  um Manuel Bandeira da vida, creio que  algo seja "aproveitável" dos versos que se seguirão. A vocês, meus queridos!

TODOS DIFERENTES, TODOS IGUAIS

Negros, amarelos, índios, vermelhos e brancos.
A diversidade está na cara, está estampada na alma
O que, então, justifica a dor da segregação?
O pesar das mortes por preconceito, racismo e discriminação?
Será a maldade intrínseca e humana de cada um
Ou a ignorância e a falta de amor de um por um?

O homem que é a obra prima de um Deus
É o mesmo homem que faz do paraíso o inferno
Que inverte os valores e as virtudes
Em detrimento dos absurdos e das disparidades
Num mundo onde poder e dinheiro valem mais
Que a vida de milhões de crianças que morrem sem paz
Não me vem a cabeça outra coisa senão
A morte súbita e o colapso das grandes nações

Negros, amarelos, índios, vermelhos e brancos.
Vejo na diversidade, a igualdade.
O que nos diferencia nos une
Cabe descobrir na bondade dos poucos
A força que unirá a muitos
Cabe acordar e ver que
na diferença não mora a hierarquia
Mas sim, a identidade
E vos digo, esta não é utopia.