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sábado, 6 de novembro de 2010

Filme da semana: "Escritores da Liberdade".



"Como uma professora e 150 adolescentes usaram a escrita para mudar a si mesmos e o mundo a sua volta"

Me arrepio sempre que penso em "Escritores da Liberdade", digo o filme. Baseado no "Diário dos Escritores da Liberdade", que infelizmente só possui edições em Inglês, Alemão e Espanhol, o filme "Escritores da Liberdade" é uma das coisas que todo aluno e todo professor devem ver antes de morrer. É tudo tão genial! Alunos cheios de problemas, gangues, descaso das autoridades escolares, discriminação, violência e alguém proposto a mudar toda essa realidade. A professora Erin Gruwell chega em uma escola com estudantes hiperproblemáticos para dar aulas de Língua Inglesa e para os alunos ela não passa de uma branquela que acha que vai mudar a vida deles e entra na sala de aula todos os dias sorrindo com cara de "I'm sweet and I care about you"*.

Estimulando os alunos e alunas por meio da leitura de livros como"O diário de Anne Frank", Gruwell desperta um grupo de adolescentes fadados ao fracasso e à morte. Eles passam a entender que não é através de segregação e luta por poder que eles terão voz no mundo em que vivem. Pelo contrário, isso acabaria silenciando a todos. Aulas dinâmicas e voltadas à reflexão e ao pensamento, principalmente, moldaram as "crianças problemáticas" e formaram jovens capazes de seguir em frente e dar um "cala a boca!" naqueles, como a coordenadora da escola, que viam nos alunos brancos a salvação educacional e nos negros, latinoamericanos e asiáticos a perdição educacional.

Enquanto aluno e professor, posso dizer do quão inspirador o filme foi pra mim, pois só me deu mais vontade de continuar ensinando e tentando, mesmo diante de obstáculos e mais obstáculos, mudar o mundo e formar pessoas que amam literatura e compreendem qual a importância da educação e de suas existências, o qual só cabe a elas mesmas descobrir. Educar no Brasil requer trabalho, e trabalho árduo, e o pior é que nem todo mundo está disposto a trabalhar realmente. "Por que ajudar eles quando posso viver minha própria vida?" 

Uma ideia da Professora Gruwell para aproximar-se dos seus alunos, ganhar sua confiança e respeito e, ainda, tentar ajudá-los e entendê-los foi o diário. Ela entregou um caderno para cada um dizendo que eles deveriam escrever lá tudo sobre a vida deles: problemas na escola, na família, namoros, amigos, etc. Não daria nota por aquilo, pois "não poderia pontuar a verdade", mas se alguém quisesse que ela lesse sobre eles deveria deixar o diário em um armário, ao qual só ela teria acesso ao fim de todas aulas. É brilhante o resultado disso no filme, no livro e na vida real em si. Digo vida real, pois apresentei a proposta para uma das minhas turmas, onde percebi que os alunos viviam em conflito e tinham baixo rendimento acadêmico. Primeiro, fiquei feliz com a confiança que eles tinham em mim, pois aqueles que aderiram à proposta me trouxeram os diários rapidamente. Li todos, li tudo. Escrevi pra eles, conversamos juntos. Hoje, vejo o quão grande é a tarefa de educar, bem mais do que pensava. A turma em questão tem evoluído e percebo que os laços entre mim e eles têm se estreitado. Os diários não são "coisa de filme", são reais e eficazes. Proponho, então, que todos possam escrever e instigar seus alunos e alunas a escreverem, pois é aí que mora a liberdade.

*A expressão "I'm sweet and I care about you" significa "Eu sou doce e me importo com vocês" e foi retirada da versão original do Diário dos Escritores da Liberdade.

Compre o filme através deste link: http://www.siciliano.com.br/produto/1996863/escritores-da-liberdade-dvd4/1996863?ID=BD7FBE6B7DA0B041335250822&FIL_ID=102

Um comentário:

  1. Concordo piamente com você. O filme, Escritores da Liberdade é realmente muito belo. Mostra que ensinar não é simplesmente ministrar conceitos e exigir que os alunos tirem boas notas.Ensinar é muito mais que isso. Ensinar engloba, formar cidadãos íntegros, éticos, responsáveis. Mas, diria o professor fadado da rede pública: "eu não ganho para isso". Esse é o pensamento de mentes pequenas, que não enxergam seus alunos como indivíduos que possuem uma vida difícil, carregada de traumas e dificuldades fora da escola.
    Eu diria: "Salário não compra integridade". Educar é diminuir o índice de traficantes nas ruas, diminuir o índice de violência, mortes etc. Podemos, como educadores, confiar nos nossos alunos e mostrar que é possível ser melhor, ser O melhor, a cada dia. O primeiro passo é amar cada um deles, entender suas dificuldades e ser amigo, porque somos todos iguais na escala da vida.

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