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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Rock e relações educacionais

Por curtir bastante algumas bandas de rock nacionais e internacionais, comecei a relacionar as letras de algumas músicas às relações que ocorrem dentro da educação. Inicialmente, achei meio impensável, mas no fim das contas acho que deu certo.

Tomemos como base a canção "Fracasso" da cantora e compositora baiana, Pitty. "Tudo que há!" para ilustrar alguns aspectos da educação brasileira e dos protagonistas da mesma. Vejamos um trecho dela:

"O que trago sobre os ombros é meu e é só meu
Sustento sem implorar a benção e o pesar
Mais vil é desdenhar do que não se pode ter"

Pergunto eu, esses versos não ilustram de maneira maestral (do verbo "que massa!") um dos embates atuais que ocorrem dentro do campo educacional? "Ser ou não ser professor? Eis a questão". Como já fora comentado em um post anterior, quem escolhe ensinar é alvo certo de críticas e chacotas de todo o tipo, já que só um "doido" iria para uma sala de aula de escola pública, cheia de crianças problemáticas, fingindo que vai ser a "mudança" na vida delas. É muito fácil, e é o que acontece mais, as pessoas enxergarem apenas os pesares de tal tarefa, sem sequer propor uma avaliação das "bençãos". Nem vou começar a listar a que bençãos me refiro, pois passaria um tempo infindável fazendo isso. Basta apenas que eu diga que, apenas pelo fato de decidir doar parte de seu tempo ao ofício de ensinar e aprender com o próximo já é por si só algo digno de aplausos. A história do "mais vil é desdenhar do que não se pode ter" faz o tipo das pessoas medrosas e egoístas, que incapazes de ensinar algo de bom ficam só na ofensiva, tentando destruir sonhos, na maioria das vezes. O ruim é quando essas pessoas são professores! Ou melhor, pessoas que concluíram suas licenciaturas (quase) forçadas e hoje estão em sala frustradas e sem quaisquer perspectivas de vida, nem pra elas e muito menos para os alunos delas. São profissionais (será?) da alienação, dos problemas, da mesmice e do "nada dá certo!". Nunca estão dispostas a mudar, pois cada crítica que recebem leem como afronta, o que as torna sempre rancorosas e incapazes de ver além do próprio sonho de consumo: aposentar-se e dar o fora do cerco de alunos problemáticos. É doloroso ver tudo isso e, às vezes, não poder dizer tudo o que se tem vontade para essas pessoas. Principalmente, quando se tem amor pela educação.

"Vive tão disperso, olha pros lados demais
Não vê que o futuro é você quem faz
Porque o fracasso lhe subiu a cabeça"

Esta estrofe da música é a que esclarece o debate todo. Não quero parecer injusto com os professores, dando a eles toda a culpa de a nossa educação crescer a passos arrastados. Sei muito bem que os salários pagos, junto aos benefícios (quando há algum) não são lá essas coisas e isso contribui para o "banho-maria" em que muitos estão submersos.  Mas devemos desistir dos nossos sonhos por isso? Pensar que os nossos alunos é que devem pagar pelos erros que não cometeram? Decretar fim ao sonho de uma educação de todos e para todos? Não, não e não! Se estiver sendo incoerente, que seja! Não me importo, pois continuarei a acreditar que com professores, diretores, supervisores, secretários, enfim, profissionais fracassados no sentido de lutar pelos ideais de uma educação libertadora não iremos evoluir daqui pra lugar nenhum. Assim, é importante que essas pessoas sejam "acordadas" e que alguém diga para elas "Oi? Por que você está aqui mesmo, hein?" 

Eu quero e vou continuar a crer que a educação é o caminho de salvação para uma sociedade corrompida, alienada e desigual como a contemporânea. O fracasso não vai subir a minha cabeça.

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