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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Alice e as maravilhas de seu legado

Alice no País das Maravilhas é daqueles livros que resistem a infinitas leituras sem nunca perder a graça, pois sempre têm algo a mais a dizer, um novo detalhe a apresentar, uma palavra a ensinar. A história da linda menina de vestido rodado que vive aventuras num lugar estranho com gente esquisita é uma das mais lidas, traduzidas, adaptadas, encenadas e filmadas. Parece uma fórmula simples, mas não é: há quase 150 anos, a obra-prima escrita pelo inglês Lewis Carroll cativa leitores e intriga estudiosos em busca de respostas para os seus enigmas. Não é à toa que o cinema já a tenha apresentado diversas vezes.

A mais recente empreitada cinematográfica é assinada pelo norte-americano Tim Burton, que dirigiu também "Batman", "Edward Mãos-de-Tesoura" e "Noiva Cadáver", entre muitos outros filmes encantadores e... um pouco estranhos. Produzida pela Disney, a nova versão de "Alice no País das Maravilhas" chega aos cinemas brasileiros em 21 de abril. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, onde já estreou, ficou em primeiro lugar nas bilheterias por várias semanas consecutivas.

A febre atual gerada pelo filme foi além da trilha sonora: invadiu desde lojas de roupas e assessórios até objetos de arte, bolos de festa - todos fazendo referência massiva às personagens dos contos protagonizados por Alice - "No País das Maravilhas" e "Através do Espelho", este escrito por Carroll logo depois do primeiro. Assim, o Gato que sorri, o Chapeleiro Maluco e a Rainha de Copas andam estampando bolsas, sapatos e camisetas e por aí afora.

Será que todos que estão hipnotizados por esses objetos - e que verão o filme - conhecem a real origem desse frenesi? Há só uma maneira de tirar a prova: lendo o livro.

Halloween nas escolas?


No dia 31 de outubro, algumas escolas brasileiras celebram o Halloween, o Dia das Bruxas. As crianças, principalmente do ensino infantil, vestem fantasias de bruxas, vampiros, fantasmas e outros monstros para comemorar... Comemorar exatamente o quê? A festa, que é popular nos Estados Unidos, chegou às crianças brasileiras por meio de programas televisivos. Os fãs dos Padrinhos Mágicos, LazyTown, Ben 10 e Barney cultivam a brincadeira do doces ou travessuras? nas salas de aulas, muitas vezes sem critérios. Fica a pergunta: em que situação o Halloween pode ser utilizado dentro da escola? Até que ponto é interessante para as crianças participarem de uma manifestação cultural estrangeira?

Comemorar apenas por comemorar, além de, muitas vezes, ocupar o tempo de aulas realmente importantes não acrescenta nada na formação das crianças. Não adianta celebrar uma data na escola que não represente nada para a realidade do estudante. É preciso explicar como a festa surgiu e contextualizá-la para que os alunos criem uma identificação. Só assim a comemoração fará sentido. Com a ajuda de fotos, vídeos e outros materiais didáticos, pode-se resgatar a história original da data e de seus personagens. As crianças podem descobrir que a origem do Halloween remete às crenças celtas. Para quem não sabe, este povo da Irlanda acreditava que, no último do verão no hemisfério norte, os espíritos saíam do cemitério para tomar conta dos corpos dos vivos. Aterrorizante, a comemoração pagã, foi condenada na Europa, passando a ser conhecida como Dia das Bruxas. Graças à imigração dos irlandeses para a América, o Halloween se tornou uma data especial nos Estados Unidos. 



sábado, 25 de dezembro de 2010

É Tempo de Refletir!



Mais um ano que está chegando fim e com isso mais um dezembro que carrega o prelúdio de um Feliz Natal e um próspero ano novo. Com o título do post, não quero resumir a necessidade de pensar e refletir sobre nossos atos e escolhas apenas ao período natalino, até porque isso seria um tanto improvável partindo de mim, já que acredito que a mudança real mora dentro da análise cotidiana das nossas atitudes enquanto seres viventes desta Terra. Não vou usar de hipocrisia para falar da data. É um momento muito esperado por mim, desde criança até agora, enquanto adolescente. As decorações, canções, troca de presentes... toda essa atmosfera que anuncia o dia 25 de dezembro sempre foi extremamente persuasiva em relação a mim e a outras tantas pessoas por aí.

Tenho procurado, ultimamente, afastar, em parte, a ideia de Natal das religiões. Admiro tanto a data e sua importância, que vejo como inadequado ligá-la completamente às religiões humanas, tendo em vista que estas veem entrando em declínio e desgraça; resultado da ambição e ganância daqueles que se dizem "Messias" da palavra divina entre os homens. Algumas igrejas, inclusive, têm passado pelo enfrentamento de processos condizentes a desvio de dinheiro e similares. E onde isso se passa? Nas ditas "santas casas". 

Óbvio também, que ainda existem pessoas que seguem acreditando em alguma religião e que são seres maravilhosos, responsáveis pela "não queda" dos pilares religiosos até então. São pessoas que fazem a diferença em meio a tanta dor, indignação e ignorância. Elas continuam lutando arduamente dentro de suas doutrinas para que o mundo ao seu redor possa ser um pouquinho, ou muito, melhor do que é agora. Eu saí desse meio para dar minha contribuição em outro, o qual acho mais relevante: o da educação.

Como descrever o Natal? É a data onde comemoramos o nascimento do menino Jesus, o nosso Salvador! Ele salvou a humanidade sim! E o que hoje vemos de ruim e de sujo entre os homens é produto das nossas escolhas e falhas. Fomos salvos uma vez. Então, no mínimo, deveríamos ter sido mais agradecidos e não ter deixado os homens caírem em desgraça como nos tempos atuais. Essa é a época mais propícia do ano para refletir sobre as coisas ditas, as escolhas feitas, as atitudes tomadas. É um tempo onde todos estão se preparando para o novo, o esperado ano novo. Cabe, então, refletir sobre quem fomos e quem queremos ser daqui para a frente. Se deixar abater pelas coisas tristes do mundo não é o objetivo aqui - Quero transmitir a simples mensagem de que devemos ser a mudança que queremos ver. Somos poucos? Sim, somos! Mas nenhuma revolução jamais existiu sem resistência. 

Desejo a todos os amigos e amigas, leitores (as) do blog, orkuteiros de plantão, twitters, facebookers e outros, um Natal de muita reflexão. Que todos possam refletir sobre o que essa data representa em sua essência e que a partir daí possamos ver com olhos livres o mundo ao nosso redor, sem nos prender a banalidades ao ideais distorcidos sobre o Natal, essa data que pouco tem a ver com religiões humanas; mas muito tem de ligação com o amor, a benevolência e a liberdade, virtudes do Pai atribuídas aos filhos e filhas como semelhança. Tenham todos um excelente dia e não esqueçam jamais de refletir...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Filme da Semana: "Alice no País das Maravilhas"


"Alice no País das Maravilhas", um dos contos fantásticos mais famosos do mundo e de autoria de ninguém menos que o britânico Lewis Carroll, ganhou este ano uma genial adaptação cinematográfica que ficou por conta do diretor Tim Burton, conhecido pela sua genialidade em retratar mundos de fantasia de forma ainda mais atraente, além de atribuir toques de delicadeza, diversão e emoção quase que simultaneamente em suas produções. O senhor de quem vos falo também esteve na direção de outros longas como "A Fantástica Fábrica de Chocolates (2005)" e "A Noiva Cadáver (2009)".

Nessa nova adaptação para o cinema do texto de Carroll, a inovação está presente! Burton agora traz Alice ao País das Maravilhas com 19 anos de idade sem nenhuma lembrança "real" da última viagem que ela havia feito ao lugar onde as maravilhas estão vivíssimas aos 7 anos. A chegada ao mundo da fantasia pura não podia ser diferente, pois é através da toca do coelho que Alice novamente cai em um buraco quase sem fim até dar início à sua nova jornada. Lá, nossa personagem tão querida, e agora um pouco mais velha, terá de enfrentar as forças opressoras da Rainha Vermelha, a vilã da história, também conhecida como "Rainha de Copas". No entanto, com a ajuda do Chapeleiro Maluco, dos Tweedles e da Rainha Branca, em especial, Alice não estrá sozinha em sua missão - missão esta que até ela desconfia de ser dela mesmo!

Façamos menção aqui aos figurinos que beiram a perfeição dos personagens desse filme, com destaque para os belíssimos trajes da Rainha Branca (Anne Hathway), Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter) e Alice (Mia Wasikowska). Johnny Depp, que deu vida ao Chapeleiro Maluco, também possui vestimentas atraentes e vivas, que só vêm a contribuir positivamente para sua atuação dentro da história. As performances mostram a essência da delicadeza das palavras de Carrol em seu livro, pois o elenco escolhido por Tim é constituído por grandes profissionais do cinema norteamericano e britânico conhecidos (as) por suas excelentes atuações e premiações oriundas de outras produções do cinema. O mesmo sucesso dos personagens "humanos" é dado às "criações" computadorizadas, como o Gato Cheshire, com seu sorriso de orelha a orelha, cheio de enigmas e insinuações.

Esse novo olhar sobre "Alice no País das Maravilhas" é, no mínimo, criativo! A ambientação, a trilha sonora, o elenco, os figurinos - tudo combina com a excepcionalidade da história de Lewis Carroll. Este é um filme indicadíssimo para aqueles e aquelas que gostam de se dar o prazer de sonhar, mesmo que só às vezes. É para os amantes do jeito intimista e mágico de Lewis Carroll escrever e, ainda para todos e todas que têm paixão pela literatura e pela arte. É para poucos (as), admito. Que tal, então, ser mais um (a) do grupo? Assista e comente sua opinião aqui, ela será bem vinda.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Livro da Semana: "Sete ossos e uma maldição", de Rosa Amanda Strausz

Dizem que a emoção mais forte e mais antiga do mundo é o medo, precisamente o medo do desconhecido. Rosa Amanda Strausz apostou nisso e escreveu 11 contos de terror de deixar o coração acelerado e a respiração entrecortada. Nada explícito ou de mau gosto, como sangue espirrando e miolos saltando. Pelo contrário, é tudo sugerido, e a imaginação de cada leitor é que se encarregue de formar as cenas macabras. Exemplo disso é o conto que abre o livro: "Crianças à venda. Tratar aqui". Nele, uma mãe miserável e oportunista resolve vender os filhos para, em primeiro plano, melhorar sua vida e, em segundo plano, a de sua prole. No entanto, quando vende o último filho, Fabiojunio, a felicidade esperada não vem, pelo menos para a criança. A irmã mais velha, Simara, desconfia dos compradores e depois, quando chegam as fotos de Fabiojunio na nova residência, ela acha muito estranha a expressão do menino. Convicta de que há algo de errado naquela história, resolve investigar e o que descobre é bastante aterrorizante. Rosa A. Strausz é jornalista, formada pela UFRJ. Além dos livros que escreve, produz textos e roteiros para diversos meios (jornais, publicidade, rádio, multimídia, hipertexto, etc.). Também edita o portal Doce de Letra, que é o maior em língua portuguesa sobre literatura infantil. Segundo ela própria: "Estou sempre procurando um novo jeito de olhar, e escrever para crianças e adolescentes é quase consequência natural de viver procurando pontos de vista diferentes. Dar oficinas e palestras para professores e crianças é outro jeito de buscar esse olhar glutão: é no contato com o meu público que troco as lentes e encontro novos jeitos de ver." 

Medo. Um medo avassalador, sutilmente construído. É isso que vocês irão sentir quando penetrarem na atmosfera de terror deste livro. Sem escapatória, completamente seduzidos, irão entender que não haverá mais volta. Para sempre. Maldição? Talvez redenção. A escolha é de vocês!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A literatura de Poe: liberdade vs. fatalidade


Nas narrativas de Poe, está em curso uma imaginação livre, moderna e poderosa. Há sempre um sujeito muito claro que enuncia o relato e está sempre em cena uma linguagem que "Aparece", como diria Foucault. Esta marca de vincada subjetividade torna-se visível, por exemplo, no conto "Silêncio", que dá corpo a um curioso diálogo entre o demônio e o narrador, junto ao túmulo deste último, sob o pano de fundo de uma paisagem que se vai alterando. Metamorfose que por si se explica como se fosse um ato que não carece de criador ou explicativo: é este mesmo o cerne do emergir literário.

O modelo de diálogo onde o demônio intervém surge em outras narrativas como, por exemplo, em "O Gato Preto" (J'adore! =]). O trânsito entre a vida e a morte torna-se aí realmente chão, direto e, sobretudo dissociado da parábola ou do caráter de alegoria ou "exempla", o que jamais aconteceria nas literaturas pré-modernas que sempre separaram a esfera do divino e a esfera dos homens. Os personagens de Poe são sempre sujeitos ativos que edificam, matam ou redimem, sendo tão-só guiados pelo que resulta das virtualidades literárias da imaginação e da linguagem. O mesmo pressuposto de jogo criativo viria, no futuro, a revelar-se no cinema em alguns dos mestres do expressionismo cinematográfico alemão, como Fritz Lang ou Murnau.

Em Poe, a cena ficcional é sempre atraída por uma ideia de fatalidade, ao fim e ao cabo um modo de questionar os sentidos que a então recentíssima vida moderna e urbana colocava em marcha. Ao longo de séculos, as providências haviam acautelado a harmonia entre os deuses e os homens, mas agora, separados dessa junção protetora, os personagens de Poe mais não fazem do que profeticamente prenunciar - passe a redundância - a negatividade do sujeito moderno, tão do gosto de Baudelaire, Nietzsche ou Ortega Y Gasset, etc.

Em contos como "Ligeia", "Gato Preto", "O Rei peste", "Berenice" ou "Eleanora", a fatalidade acompanha toda a trama e chega mesmo a ser assinalada pela voz que narra: "Já não era capaz de me reconhecer. A minha alma original pareceu fugir-me de repente do corpo"; ou "Falarei apenas daquele aposento, para sempre amaldiçoado ao qual, num momento de loucura, conduzi como minha esposa - como sucessora da inolvidável Ligeia - a minha loura (...)".

Ao contrário dos monstros e "portenta" que, no imaginário pré-moderno, eram habitantes de um alhures legitimado de modo metafísico, nas narrativas de Poe a topografia das monstruosidades e fantasmas abre-se à empatia do quotidiano, sendo fruto de um puro jogo da linguagem literária. Tal ocorre, quer através de um olhar que filtra o ambiente das novas cidades e as novas visibilidades do quotidiano, quer através de um olhar preso à idealidade romântica e gótica que visiona ruínas medievais e espectros desolados. Literatura de fusão feita a partir de uma simbiose de olhares, como se vislumbrasse uma espantosa intuição do tropo fotográfico, fenômeno, também ele, emergente e contemporâneo da obra e da vida do autor.

[Texto de Luís Carmelo]

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Individualismo e falta de humildade?

Nosso destino é fruto, muitas vezes, das nossas próprias escolhas. Somos postos diante dessas desde cedo e o quanto mais rápido aprendermos o poder que elas têm sobre nós, menores, possivelmente, serão os desentendimentos futuros em relação ao que você julga "adequado" ou "inadequado" em qualquer assunto. Quando escolhemos o que é certo, ao invés do que é fácil, não estamos simplesmente sendo "bons samaritanos". Ao entender o valor das escolhas coerentes e da influência dessas sob a vida de muitas pessoas subjugadas à pobreza, à humilhação e à ignorância e, além disso, levá-las à prática, deve se ter em mente que existirão vários grupos de diferentes pessoas unidas através de um único objetivo: resistir à mudança, à boa mudança. As resistências variam de acordo com o "ethos" de cada indivíduo, o que na realidade se apresenta por meio da forma como este irá se mostrar contrário ao que está sendo proposto. As situações são variadas e inusitadas, e partem desde o simples desprezo silencioso a atitudes mais claras, como induzir outros indivíduos à alienação e ao conflito político em defesa de ideologias distorcidas e fundamentadas em banalidades. Definitivamente, não é fácil ser diferente. O diferente é chocante e vem, acima de tudo, quebrar algum paradigma, seja ele qual for! Quem intenta mesmo diante das advertências óbvias das forças resistentes tem, ou deveria ter, ideia dos obstáculos a serem criados com o objetivo de não acabar o império da estagnação e do mesmo de sempre de cada dia. As razões que podem levar alguém a ter esse tipo de comportamento são diversas e envolvem, principalmente, o contexto em que as mesmas receberam educação; isso gira em torno, na verdade, de um questionamento perturbador, que nem todos têm coragem para se propor - "Que educação eu aprendi" e "Que educação eu dou". No entanto, nas ideias de contexto e situação de ensino expostas, é necessário que também se entenda que as pessoas estão vivendo em pleno século XXI - a dita "era da comunicação". Não podemos simplesmente  fechar os olhos às alterações que os métodos arcaicos e ultrapassados de uma educação secular, por exemplo, vêm sofrendo. Não há nomeação mais útil nesse caso do que "negligência" - ato ou ação de fingir que o que está acontecendo não está acontecendo. Quando questionadas sobre tais posicionamentos, os indivíduos da cortina de ferro da resistência contrapõem argumentando em cima de um ponto que fere até os mais libertários possíveis em relação à sua posição e ideologias como um todo - "Será que você não está sendo egoísta, manipulador, egocêntrico, individualista ou até mesmo esteja agindo sem qualquer humildade ao implementar ideias revolucionárias?" Ora, o sentimento de culpa dá e passa, porque quando vemos com olhos mais racionais e menos emocionais é perceptível que é bem mais fácil culpar alguém pelo o que eu não me proponho a fazer. É bem mais fácil fazer as pessoas se sentirem mal por coisas que eu faço, ou desfaço, acontecer. É muito mais fácil alegar que as pessoas que se envolvem dos pés à cabeça com os ideais libertários em busca de uma educação, de fato, libertadora façam isso sem um resquício de humildade com o intuito de menosprezar todos ao seu redor e, além disso, de promover a imagem pessoal de profissional perfeito, sem falhas. A questão agora é: que caminho seguir? O caminho das palavras fáceis de serem ditas ou das ações corretas e árduas de serem realizadas?

sábado, 4 de dezembro de 2010

Livro da Semana: "A alegria de ensinar", de Rubem Alves.


Rubem Alves é um grande ídolo particular meu. Escreve sobre educação sem hipocrisia ou demagogia, pois é um verdadeiro educador. Em um dos seus livros que tratam de questões voltadas à educação, "A alegria de ensinar", podemos perceber o quanto somos por vezes incoerentes com nossos professores, enquanto alunos, e com nossos alunos, enquanto professores. A tarefa de ensinar, segundo Rubem, não é fácil e, aliás, tem de ser difícil e árdua mesmo. É assim que as pessoas valorizam as coisas, quando sofrem para obtê-las. No entanto, não é porque a tarefa é um veraddeiro desafio, que não possa ser executada com alegria e dinamismo.Alegria - é o que tem faltado nas nossas escolas, nos nossos docentes e alunos. Geralmente, não se vai mais à escola por prazer. As crianças e adolescente cumprem regras secas e ditatoriais em sala, como, por exemplo, não refutar a opinião do professor, ser todo poderoso e sagrado em sala. Muitos professores apenas vão cumprir horário, porque o que importa para eles é receber seu salário ao fim de cada mês. É preciso, segundo o autor, estabelecer nas instituições de ensino o sentimento de alegria, incitar as pessoas a estudarem e ensinarem por amor, prazer. Não é algo muito complexo. Imaginem se em todo as aulas, ou na maioria delas, cada professor entrasse em sala sorrindo, feliz, contente por estar ali? Como seria se todos os professores se colocassem em pé de igualdade cognitiva com seus alunos? Pensem como seria ver todos os professores se auto-avaliando e propondo que os seus alunos também o avaliassem? Nesse livro, Rubem Alves nos põe de frente para esses questionamentos e é isso que a alegria de ensinar propõe. Ele também fala dos heróis anônimos, os professores e professoras, que fazem o melhor todos os dias em suas salas, se preocupando com seus alunos e instigando-os a amar o conhecimento. São esses heróis e heroínas que merecem destaque, pois trabalham alegres, apesar de tantas atribulações que perpassam a atividade docente. "A alegria de ensinar" é uma obra indicada a todos que desejam saber como ser alegres, como seduzir os alunos na educação com a alegria e, fazem de tudo, para aqueles que partilham do sonho de uma educação cada vez mais inclusiva e alegre.

Orgasmo educacional & Orgulho do aprendizado - parte 2

A crença de que é na educação que atingiremos a verdadeira liberdade é disseminada por aí já tem um tempo. Certamente, não é a maioria das pessoas que condiz com os ideais libertários na educação; muitos porque nem os conhecem, outros por receio de aplicá-los e saírem frustrados da experiência e outros por simples ignorância e alienação mesmo. Isso tudo (principalmente o último grupo de profissionais citados), obviamente, tem uma certa carga negativa sob o desenvolvimento da educação libertária. Mas para por aí! Porque quando se acredita em algo verdadeiramente, com muita força e determinação e se luta por isso, se chora, se dança e ri por isso também, as coisas acontecem. Estejam certos, porque venho tendo a comprovação de tudo que falei a algum tempo, o que não tornas minhas palavras vazias e utópicas. 

Os alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental - Anos Finais da Escola Municipal Adalberto Nobre de Siqueira (escola onde leciono Língua Portuguesa e Cultura do RN) estão todos de parabéns pelo esforço que veem empregando nas atividades do projeto "Semana de Línguas" e 2 edições até então realizadas - "Literatura de Terror: uma visita à elegante essência do medo" & "A magia da palavra no limiar da Literatura Fantástica". Não existe sucesso de fato sem trabalho. O único lugar onde, provavelmente, o sucesso venha primeiro que o trabalho é nos dicionários. Meninos e meninas dessas turmas, sob orientação da minha pessoa, da nossa grande parceira na escola, a supervisora Andréia Laureano, bem como da professora Francisca das Chagas e do professor Nilson Lima, puderam analisar as diversas formas de manifestação e representação social que uma língua pode assumir. Livros, músicas, filmes, vídeos, fotografias - são inúmeras as maneiras de analisar aspectos da Língua Portuguesa, e de quaisquer outras, em sala de aula. 

Os "parabéns" se estendem além do esforço e sucesso do projeto "Semana de Línguas" entre os alunos e alguns poucos professores da escola! Ontem recebi a notícia de que nosso projeto havia ficado em 1º lugar no PRÊMIO CONSTRUINDO A NAÇÃO 2010-2011, na classificação dos projetos de "Destaque Social" (projetos com menos de 1 ano de atuação), onde concorremos com cerca de 200 projetos de todo o Brasil, com ênfase nas regiões sul e sudeste, onde os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul eram maioria com número de projetos inscritos. Estou irradiando até agora! Emocionado, nervoso, feliz, eufórico - tudo junto. Já chorei, ri e dancei o que podia e o que não podia com os meninos, pois essa conquista está na história e será lembrada por eles até o fim da vida. Não é drama, vejam só: projetos de grandes escolas privadas e escolas públicas das regiões mais desenvolvidas do país não tiveram seu projetos selecionados em 1º lugar, mas uma escolinha localizada no interior RN, na cidade de Ipanguaçu e, ainda, distante 22km do centro da cidade consegue arrebatar tal classificação. É de fazer os olhos de qualquer pessoa, que seja sensível, brilharem e lacrimejarem. Muito, muito, muito orgulhoso mesmo do quanto aquelas crianças evoluíram e de que como o esforço delas em crescer e mudar suas realidade e a do mundo ao redor delas. Tudo isso através da leitura, da literatura. É encantador e gratificante ver no que termina simples indicações de livros para leitura em sala e em casa. Parabéns meninos, vocês merecem cada coisa que conquistam!

É depois de experiências como essas que entendo cada vez mais qual é o meu papel por aqui, nesse mundo. É com amor, dedicação e senso libertário que se constrói um educação centrada e coerente. É por acreditar nos alunos, no desenvolvimento e trabalho deles que é possível conseguir tais resultados em condições tão adversas. "Eu amo meu trabalho".

Para finalizar, ontem foi encerrada a 2ª edição da Semana de Línguas, que teve como tema a Literatura Fantástica. O evento foi iniciado na quarta-feira (01/12) com as exposições e apresentações culturais baseadas nos livros "O Pequeno Príncipe" (6º ano), de Antoine de Saint-Exupéry, "Harry Potter e a Pedra Filosofal" (7º ano), de J.K. Rowling, "Alice no País das Maravilhas" (8º ano), de Lewis Carroll e "As Crônicas de Nárnia" (9º ano), de C.S. Lewis. Na quinta-feira (02/12) aconteceram as oficinas sobre a história da literatura de fantasia e de como utilizar jogos pedagógicos em aulas de Língua Inglesa e Língua Espanhola. Ontem, (03/12), nossa 2ª Semana de Línguas foi encerrada com o baile fantástico, onde todos os alunos, e eu (é claro!), dançamos muitos, praticamente até entrar em coma. Foi maravilhoso, nos esbaldamos mesmo com as music dance do momento e, ainda bem, que muitos de vocês, leitores e leitoras, não me viram ontem, pois meus estado físico e psicológico não condizia nada com minha postura formal de sempre. Me diverti muito com os meninos e comemoramos nossas vitórias ao longo deste ano letivo. Eu propus a revolução, os alunos aceitaram e, assim, botamos a cara na praça! Resistência? Só o que houve, claro.  Até ontem, em plena comemoração e encerramento do nosso projeto, as pessoas do "contra" e do "nada dá certo" e do "tudo isso é uma besteira" quiseram mostrar suas asinhas! Mas, ressalto, só quiseram, pois o baile aconteceu, foi um sucesso, os meninos curtiram muito e quase morri de dançar, mas cumpri minha meta de dançar com todos os cento e bolinha alunos e alunas para os quais leciono.  Sabem, já me importei mais com essas pessoas, tentei ser solidário, mas nada deu muito certo. Então, não estou nem aí para nenhuma delas, o que me importa são os alunos, é para eles, e só para eles, que tudo isso é pensado e feito, e os demais que continuem em suas confabulações no intuito de destruir nosso movimento pela educação libertária através da literatura, até porque, como bem dizem o título do post e minha pretty English teacher Pri Aliança, "não existe revolução sem resistência". E bem, enquanto eles resistirem, nós revolucionaremos. Quando eles pararem... é sinal de que ganhamos mais uma batalha!

domingo, 28 de novembro de 2010

O Evento Cinematográfico de 2010


"Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1" é uma obra prima do cinema que vai além das expectativas criadas por cerca de 1 ano e meio de intensos períodos de gravação nos estúdios Leavesden ou nas florestas, e demais locações, da Grã-Bretanha. Diferente do que muitos críticos céticos já pressupunham antes mesmo do lançamento, a primeira parte do final épico do maior estrondo literário em décadas é clara e objetiva na transmissão de suas mensagens, o que somado aos belíssimos figurinos, como foi o caso do vestido de casamento de Fleur Delacour e dos trajes de gala dos protagonistas Harry, Rony e Hermione, e à excepcional trilha sonora de Alexander Desplat, que aguçou ainda mais o tom de emoção, humor e perigo da cada cena, nos rendeu uma produção cinematográfica memorável e digna do status de "clássico". 


Para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de ler os textos de J.K. Rowling, mas assistiram a todas as adaptações para o cinema, o entendimento das sequências desse novo filme da série pode se tornar um pouco difícil, devido à grande quantidade de fatos e situações que acontecem durante as quase 2 horas e meia de duração do mesmo. Porém, nada que uma boa memória e percepção geral da história (no caso de quem assistiu apenas aos filmes) resolva, já que a destreza do roteirista Steve Kloves, junto à direção espetacular, e nada hollywoodiana, de David Yates contribui muito para que o filme não seja "um emaranhado de cenas e mais cenas, que não tenham nada a mostrar e dizer realmente", nas palavras do Sr. Prof. Pasquali - é, aquele mesmo que só fala em gramática e tal. 


As atuações de Daniel Radcliffe (Harry Potter), Emma Watson (Hermione Granger) e Rupert Grint (Rony Weasley) nunca estiveram melhores. Os atores evoluíram bastante em vários aspectos, que vão desde encenação e expressão facial até a total imersão no universo emocional de cada personagem, o que é bem perceptível em vários momentos da história. É uma grande viagem, onde as crianças cresceram e têm nada menos que a missão de procurar e destruir as horcruxes, objetos criados a partir de magia negra, que contêm pedaços da alma do bruxo mais poderoso de todos os tempos, Lord Voldemort. Nossos protagonistas não possuem nenhuma pista, mapa ou caminho certo, inicialmente, em relação à localização desses objetos, o que dificulta sua procura e causa conflitos entre o trio, como a discussão entre Harry e Rony, que acaba na partida deste último até determinado ponto da produção. 


O filme faz juz ao livro, pois é até agora a produção mais verídica em relação à história escrita sem sombra de dúvidas. No entanto, o acréscimo de cenas especiais, que vinha dando errado, de certa forma, nas outras 6 adaptações cinematográficas, brindou aos espectadores de "Relíquias da Morte 1" com o momento em que Harry e Hermione dançam juntos (logo após a partida de Rony) na cabana ao som de "O Children", uma canção belíssima de Nick Cave com participação dos The Bad Seeds, que Hermione está escutando no rádio no momento em que Harry a convida. A química entre Daniel e Emma nesta cena é perfeita. Conseguimos sentir o tom de entrega e submissão de um para com o outro ao dançarem; a vontade de Harry de fazer Hermione sorrir; e o quanto essa se dá no momento, aproveitando cada passo engraçado da dança dos dois. É um dos momentos mais tocantes do filme.



Porém, não se enganem achando que este é um filme de romance apenas. O medo e o suspense ficam por conta dos Comensais da Morte e dos sequestradores, seguidores do Lord das Trevas, mas, principalmente, pela cobra Nagini - esta sim, responsável pelos gritos, sustos e momentos de suspense e apreensão de quem assistiu, e assistirá, a nova adaptação da franquia Potter. Outras figuras bem sinistras e extrovertidas como Batilda Bagshot, Xenofílio Lovegood e Grindewald atraírão a atenção daqueles que tiverem o privilégio de assitir o filme. 



Bem, contar o filme de cima a baixo seria um máximo, mas não essa minha função aqui. Quero apenas deixá-los a par do quão épica e maravilhosa é a primeira parte da adaptação de Harry Potter e as Relíquias da Morte. Este é um filme que mescla romance, tristeza, sofrimento, humor e ação. São sequências fortes, marcantes, nos mostrando o verdadeiro perfil que o livro possui. Vocês estarão acompanhando o início do fim da trajetória de crianças que cresceram no reduto seguro da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e agora encontram-se em fuga constante da morte. Elas lutam pelo bem, belos valores do amor, por tudo que as fez derrotar bruxos malignos, aranhas gigantes, basilisco, dementadores, criaturas mágicas, conspirações políticas e maldições em todos os outros livros/filmes.  E, como nos demais momentos passados da franquia de cinema, eles também contam com a ajuda de grandes heróis nesse novo momento do cinema, como os elfos mágicos Dobby e Monstro, o artesão de varinhas, Olivaras, e do casal anglo-francês, Gui e Fleur. Não é só um monte de feitiços ou bruxos e bruxas. É algo maior que isso, pois a verdadeira magia está nas emoções que essas histórias são capazes de despertar em crianças, adolescentes, adultos e idosos. O real encantamento está na forma de ensinar sobre princípios centrados no bem, sobre a forma de falar da morte e de saber enfrentá-la. 



Eu, assim como milhares de outras pessoas, me sinto triste por saber que está chegando o fim, ao menos temporário, de toda essa história. Sinto um vazio, é como se a ficha ainda não tivesse caído e a gente esperasse que algo a mais viesse. O que nos consola é saber que apesar de tantas críticas, tanto desacreditamento e tanta falta de senso e toque literário por parte de quem insiste em fazer de "Harry Potter" apenas um fenômeno mercadológico de quinta categoria, esta série não será um clássico do futuro. Ela já é. Eu li, meus filhos lerão, os filhos deles lerão e assim a hegemonia da fantasia, da coragem e da incessante batalha do bem contra o mal serão coisas que daqui a 100 anos serão assunto de pessoas como nós. Diferente de outras formas de cultura, que sim, essas passam, a história de três bruxinhos de 11 anos que entram em um castelo cheio de luzes através de um lago e daí crescem e se debatem com coisas e mais coisas só acaba de começar...


Filme da Semana: "A Onda"



Do diretor Dennis Gansel, "A Onda" é uma análise brilhante do poder de contaminação do fascismo nos dias de hoje. Rainer Wegner, professor de ensino médio, deve ensinar seus alunos sobre autocracia. Devido ao desinteresse deles, propõe um experimento que explique na prática os mecanismos do fascismo e do poder. Wegner se denomina o líder daquele grupo, escolhe o lema "força pela disciplina" e dá ao movimento o nome de A Onda. Em pouco tempo, os alunos começam a propagar o poder da unidade e ameaçar os outros. Quando o jogo fica sério, Wegner decide interrompê-lo. Mas é tarde demais, e A Onda já saiu de seu controle. O filme é baseado em uma história real ocorrida na Califórnia em 1967 e é indicado a todos (as) que desejem entender o sistema autocrata e, ainda, como este poderia sim voltar à tona em plena contemporaneidade. Ao assistir tal obra, percebemos que os ideais, preceitos e princípios (se assim podemos chamar) de Adolf Hitler e seu nazismo podem ressurgir do passado da forma mais simples possível: em uma sala de aula. Isso mesmo: alunos e professor. E só. A autocracia, em linhas gerais, é um regime político, onde "todos protegem todos" do grupo, seguem rigorosamente as regras impostas pelo grupo e são liderados por alguém, que "acreditam" exercer o mesmo poder que eles.

Obra apresentada, sintetizada e o convite lançado! Confiram, amigos (as)!

Livro da Semana: "A hora da estrela", de Clarice Lispector



Clarice Lispector foi uma mulher intimista, ela não escrevia por fora, mas por dentro. Era essa sua principal característica e marca primordial dos seus textos. Lançada um pouco antes de sua morte em 1977, "A hora da estrela" é uma obra que trata, dentre outros tantos assuntos, da ideia de existencialismo, trabalhada em cima da personagem Macabéa, uma nordestina que sofre retaliações por parte de uma tia durante toda a infância e juventude e, após a morte dessa, parte para a cidade do Rio de Janeiro em busca da vida (será?). Além de apresentar em pouquíssimas páginas mensagens que nos põem diante de reflexões necessárias sobre vida, morte e nossa posição em relação a tudo isso, Clarice toca em um tema de interesse público, ao menos em nossa região, que é a questão das relações discriminativas e preconceituosas voltadas para homens e mulheres sertanejos, nascidos e criados no campo, e que em algum momento de suas vidas decidem enfrentar a cidade grande. 

Macabéa não possui pensamento, dissernimento ou amor próprio aparentes. Em vida. Mas alguém abre os olhos dela, assim como uma infinitude de pessoas que passam pelas nossas vidas com suas verdades. Não é bom negar, não é bom repudiar. Cada um é cada um e o que nos torna alguém são nossas escolhas e jamais nossos bens. Macabéa, mesmo inconsciente disso, escolheu o melhor. Escolheu acreditar. E foi nessa escolha que a vida atravessou o véu da imortalidade e a infelicidade fez-se felicidade, a ignorância fez-se conhecimento e o existir passou realmente a existir.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

1000 visitantes

Olá, queridos e queridas visitantes do "Na educação, a libertação!".
É um imenso prazer ter chegado, em tão pouco tempo, à marca de mais de 1000 visualizações de página. Fico muitíssimo agradecido a todos (as) que leem meus textos, comentam e sempre voltam à procura de mais ideais libertários. Ou, enfim, das indicações de músicas, filmes e livros.
Tudo isso é feito com muito carinho para poucos (as), já que proponho com este espaço uma revolução, e como diria minha mentora, Priscila Aliança, "não existe revolução sem resistência".
Meu tempo é mega hiper escasso e, por isso, minha vida pessoal está indo um pouco mal. No entanto, o tempo para escrever é sagrado e crucial! É aqui que eu me liberto e proponho tal sentimento libertário aos demais. 

Obrigado visitantes! A educação agradece a participação de vocês. :)