A crença de que é na educação que atingiremos a verdadeira liberdade é disseminada por aí já tem um tempo. Certamente, não é a maioria das pessoas que condiz com os ideais libertários na educação; muitos porque nem os conhecem, outros por receio de aplicá-los e saírem frustrados da experiência e outros por simples ignorância e alienação mesmo. Isso tudo (principalmente o último grupo de profissionais citados), obviamente, tem uma certa carga negativa sob o desenvolvimento da educação libertária. Mas para por aí! Porque quando se acredita em algo verdadeiramente, com muita força e determinação e se luta por isso, se chora, se dança e ri por isso também, as coisas acontecem. Estejam certos, porque venho tendo a comprovação de tudo que falei a algum tempo, o que não tornas minhas palavras vazias e utópicas.
Os alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental - Anos Finais da Escola Municipal Adalberto Nobre de Siqueira (escola onde leciono Língua Portuguesa e Cultura do RN) estão todos de parabéns pelo esforço que veem empregando nas atividades do projeto "Semana de Línguas" e 2 edições até então realizadas - "Literatura de Terror: uma visita à elegante essência do medo" & "A magia da palavra no limiar da Literatura Fantástica". Não existe sucesso de fato sem trabalho. O único lugar onde, provavelmente, o sucesso venha primeiro que o trabalho é nos dicionários. Meninos e meninas dessas turmas, sob orientação da minha pessoa, da nossa grande parceira na escola, a supervisora Andréia Laureano, bem como da professora Francisca das Chagas e do professor Nilson Lima, puderam analisar as diversas formas de manifestação e representação social que uma língua pode assumir. Livros, músicas, filmes, vídeos, fotografias - são inúmeras as maneiras de analisar aspectos da Língua Portuguesa, e de quaisquer outras, em sala de aula.
Os "parabéns" se estendem além do esforço e sucesso do projeto "Semana de Línguas" entre os alunos e alguns poucos professores da escola! Ontem recebi a notícia de que nosso projeto havia ficado em 1º lugar no PRÊMIO CONSTRUINDO A NAÇÃO 2010-2011, na classificação dos projetos de "Destaque Social" (projetos com menos de 1 ano de atuação), onde concorremos com cerca de 200 projetos de todo o Brasil, com ênfase nas regiões sul e sudeste, onde os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul eram maioria com número de projetos inscritos. Estou irradiando até agora! Emocionado, nervoso, feliz, eufórico - tudo junto. Já chorei, ri e dancei o que podia e o que não podia com os meninos, pois essa conquista está na história e será lembrada por eles até o fim da vida. Não é drama, vejam só: projetos de grandes escolas privadas e escolas públicas das regiões mais desenvolvidas do país não tiveram seu projetos selecionados em 1º lugar, mas uma escolinha localizada no interior RN, na cidade de Ipanguaçu e, ainda, distante 22km do centro da cidade consegue arrebatar tal classificação. É de fazer os olhos de qualquer pessoa, que seja sensível, brilharem e lacrimejarem. Muito, muito, muito orgulhoso mesmo do quanto aquelas crianças evoluíram e de que como o esforço delas em crescer e mudar suas realidade e a do mundo ao redor delas. Tudo isso através da leitura, da literatura. É encantador e gratificante ver no que termina simples indicações de livros para leitura em sala e em casa. Parabéns meninos, vocês merecem cada coisa que conquistam!
É depois de experiências como essas que entendo cada vez mais qual é o meu papel por aqui, nesse mundo. É com amor, dedicação e senso libertário que se constrói um educação centrada e coerente. É por acreditar nos alunos, no desenvolvimento e trabalho deles que é possível conseguir tais resultados em condições tão adversas. "Eu amo meu trabalho".
Para finalizar, ontem foi encerrada a 2ª edição da Semana de Línguas, que teve como tema a Literatura Fantástica. O evento foi iniciado na quarta-feira (01/12) com as exposições e apresentações culturais baseadas nos livros "O Pequeno Príncipe" (6º ano), de Antoine de Saint-Exupéry, "Harry Potter e a Pedra Filosofal" (7º ano), de J.K. Rowling, "Alice no País das Maravilhas" (8º ano), de Lewis Carroll e "As Crônicas de Nárnia" (9º ano), de C.S. Lewis. Na quinta-feira (02/12) aconteceram as oficinas sobre a história da literatura de fantasia e de como utilizar jogos pedagógicos em aulas de Língua Inglesa e Língua Espanhola. Ontem, (03/12), nossa 2ª Semana de Línguas foi encerrada com o baile fantástico, onde todos os alunos, e eu (é claro!), dançamos muitos, praticamente até entrar em coma. Foi maravilhoso, nos esbaldamos mesmo com as music dance do momento e, ainda bem, que muitos de vocês, leitores e leitoras, não me viram ontem, pois meus estado físico e psicológico não condizia nada com minha postura formal de sempre. Me diverti muito com os meninos e comemoramos nossas vitórias ao longo deste ano letivo. Eu propus a revolução, os alunos aceitaram e, assim, botamos a cara na praça! Resistência? Só o que houve, claro. Até ontem, em plena comemoração e encerramento do nosso projeto, as pessoas do "contra" e do "nada dá certo" e do "tudo isso é uma besteira" quiseram mostrar suas asinhas! Mas, ressalto, só quiseram, pois o baile aconteceu, foi um sucesso, os meninos curtiram muito e quase morri de dançar, mas cumpri minha meta de dançar com todos os cento e bolinha alunos e alunas para os quais leciono. Sabem, já me importei mais com essas pessoas, tentei ser solidário, mas nada deu muito certo. Então, não estou nem aí para nenhuma delas, o que me importa são os alunos, é para eles, e só para eles, que tudo isso é pensado e feito, e os demais que continuem em suas confabulações no intuito de destruir nosso movimento pela educação libertária através da literatura, até porque, como bem dizem o título do post e minha pretty English teacher Pri Aliança, "não existe revolução sem resistência". E bem, enquanto eles resistirem, nós revolucionaremos. Quando eles pararem... é sinal de que ganhamos mais uma batalha!