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domingo, 29 de maio de 2011

Palavreando


Mia Couto

(Moçambique)

Ser, parecer


Entre o desejo de ser
e o receio de parecer
o tormento da hora cindida

Na desordem do sangue
a aventura de sermos nós
restitui-nos ao ser
que fazemos de conta que somos


In “Despedida”

O fim do mundo que espere!




Que conversa é essa do mundo acabar em 2012? O fim tem até data marcada: 21/12/2012. É a terrível "Profecia Maia", que com o final do seu calendário prevê desastres e cataclismas naturais. Tem até filmeco em cartaz “ensaiando” o fim do mundo para daqui a três anos. Pode parar! Sem chance. Esqueçam. Minha agenda está lotada para 2012. Infelizmente não vai dar para estar presente nesse “fim do mundo”, podem mudar o ano. Não me interessa se o holocausto final é uma projeção dos Maias, ou dos cineastas bons-de-bilheteria, ou de astrólogos-mal-humorados, ou de qualquer outra pajelança planetária, aliviem, não vai dar para ser em 2012…
Imagine se vou perder a festança literária que vai rolar no circuito França-Argélia com os 100 anos de nascimento de Camus. Imagina! Olha se dá pra perder em 2012 o pá-daqui-pá-dali que vai acontecer em Salvador no centenário do nosso Jorge Amado! A Bahia vai fritar no 12. Sem falar no bicentenário de Charles Dickens,  talvez o mais popular romancistas inglês do século XIX, que tem festival sendo organizado há quase uma década. Imagina se dá pra perder tempo com fim do mundo…
As artes plásticas também vão brilhar com o centenário do pintor Jackson Pollock, uma das maiores referências do movimento expressionista do século XX, e um ícone da cultura norte-americana. O lenga-lenga de que tudo acaba em três anos vai ter que mudar. Em 2012, a filosofia e a literatura vão parar, e não vai ser pelo fim do mundo, mas pelos 300 anos de nascimento de Rousseau, isso mesmo, o “cara”, Jean-Jacques Rousseau. Olha que tempo de glória, e se não bastasse, no mesmo ano, vamos também comemorar os 250 anos de publicação de sua obra máxima, "O Contrato Social" (1762).
Mas não é tudo. Para quem já está “arrumando as malas para o fim”, lembro que em 2012 também tem festa pelo centenário de Bram Stoker (Drácula), pelos 120 anos de nascimento de J.R.R. Tolkien (O Senhor dos Anéis), e pelos 150 anos do compositor Claude Debussy e do pintor Gustav Klimt. É mole? Sem falar na quantidade de “festas oceânicas” que vão rolar pelos 100 anos do bye-bye Titanic. Que fim que nada… 
O pessoal que gosta daquela bagunça olímpica também não vai ter tempo de achar uma Arca, têm os Jogos de Londres 2012, e quem estiver por lá terá também oportunidade de sentir as comemorações pelo Jubileu de Diamante da Rainha Elizabeth II. O Reino Unido vai virar de cabeça pra baixo. Concertos no Hyde Park com Rolling Stones, Paul McCartney e Led Zeppelin já estão agendados, tudo free. O fim de mundo em 2012 é impossível, pelo menos em Londres, ou em Nova York, que tem agendada uma monumental festa para inauguração da Freedom Tower, obra que substituirá as Torres Gêmeas.
Vou estar em todos os cantos, em todos os pólos, em todas as artes. Vou ver tudo de perto. Ou de longe, se a verba faltar, se a saúde conspirar, ou se a vida me aprontar. Onde estarei ao certo, não sei, mas não contem comigo para o fim do mundo de 2012. Os Maias que me desculpem mas podem reagendar. Tentem 2014, só vai ter Copa do Mundo no Brasil mesmo… nem ligo pra futebol…



Blog: um gênero textual digital


Blog vem da abreviação de weblog: web (tecido, teia, também usado para designar o ambiente da Internet) e log (diário de bordo). É uma ferramenta do mundo virtual que permite aos usuários colocar conteúdo na rede e interagir com outros internautas. Os blogs surgiram em agosto de 1999, com a utilização do software “Blogger”. A facilidade para a edição, atualização e manutenção dos textos em rede foram, e são, os principais atributos para o sucesso e a difusão dessa chamada ferramenta de auto-expressão. Em relação ao gênero blog, percebemos que o seu plano geral (estrutura) se apresenta, de acordo com Marcuschi (2010), da seguinte forma:
a)      No cabeçalho é apresentado o nome e um resumo do tema do diário (blog);
b)      As laterais são usadas, em geral, para mostrar o perfil do dono do blog e seus contatos, e ainda, arquivos de textos e fotos já publicados, além de endereços e comentários recomendados pelo blogueiro;
c)      O texto que se apresenta vem acompanhado de assinatura, data e horário em que foi escrito. O dono do blog coloca também atalhos para que o leitor possa encontrar outros textos com o mesmo tema, ou aos quais o texto principal faça alusão (os chamados “marcadores”);
d)     Há um espaço para que o leitor do blog deixe seu comentário.

Depreendemos, no que concerne ao gênero blog, que é possível localizar todas as sequências textuais existentes nos campos de estudo da Língua Portuguesa, já que a abrangência discursiva do gênero em questão permite ao redator produzir incontáveis  e variados textos, sejam eles, predominantemente, narrativos, descritivos, argumentativos, expositivos, dialogais ou injuntivos, segundo Jean Michel Adam (2010).
No tocante à esfera discursiva, podemos classificar o blog como “um gênero emergente digital” (Marcuschi, 2010). Sendo assim, o segmento social que faz uso desse gênero como ferramenta eficaz de comunicação é, necessariamente, ligado ao acesso à Internet e, na maioria dos casos, formado por indivíduos de faixa etária entre 15 e 25 anos, já em relação ao lugar social em que a interação o texto é produzida, podemos destacar a escola, família, mídia, igreja, interação comercial, interação do cotidiano, etc. Os blogs são produzidos tanto em casa, quanto na escola, num cybercafé ou em lanhouses. Podendo ser modificado diariamente ou conforme o blogger achar melhor. É válido ressaltar que o blog, assim como outros gêneros digitais como o e-mail, não permite a existência da democratização total do discurso, pois “para que haja verdadeira democratização das ideias, não basta que elas estejam depositadas na grande rede. É necessário que circulem e entrem na ordem do discurso” (Teixeira, 2010).

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Palavras apenas, palavras pequenas

Se algum dia...
... nos separarmos, lembre-se que nunca esquecerei do quão feliz fui ao seu lado.
... te magoar, me fale, pois assim implorarei perdão.
... meu sorriso de apagar, sorria para mim, para que eu possa ver na luz do seu sorriso a chave da importância do mer.
... me esquecer, não me esqueça de todo, tá certo? Esqueça meu nome, face, profissão, endereço, telefone e orkut.
... você esquecer tudo isso que foi mencionado aí atrás, lembre-se da minha presença espiritual.

E se um dia eu for muito feliz (mais do que sou hoje), jamais esqueça: De qualquer felicidade em minha vida, você fará parte nem que platonicamente! De qualquer alegria, tu serás parte, serás palavra e pensamento!

Ora, intrigante a vida, não?
Como pode?
Um menino véio e inexperiente querendo bancar amizade bonita com poetiza mega erudita!
Quem já viu?
Uma mulher de fibra, força e garra atrelada a um rapaz que nada tem a dar senão doses de mimo e petulância bem equilibradas!
O que há nisso tudo?
Ora, se não é de scraps no orkut que o mundo viverá...
Então que viva da poesia e da arte, da emoção e do sentimento, do vivo e do quente que eles podem causar!

12 de maio de 2011
21h44min
No meu reduto

Paulinho, o menino que escreveu uma nova história.

 Será que um menino nascido no Recife, órfão de pai aos 13 anos, poderia ler a própria história e escrevê-la de um jeito diferente? Pois foi isso o que Paulinho fez.

Ao tornar-se professor, procurou ler de modo compreensivo não só os livros, mas também as questões do mundo e os olhos das pessoas, dialogando com todos para aprenderem em comunhão. Paulo Freire olhou as dificuldades do povo oprimido e enxergou novas possibilidades, ajudando com seu trabalho a alfabetizar milhões de jovens e adultos do Brasil e de muitos lugares do mundo que não tiveram oportunidade de frequentar uma escola.

No mais novo título de publicação da Cortez Editora no segmento de Literatura Infantojuvenil,  "Paulinho: o menino que escreveu uma nova história", de Mere Abramowicz e Silmara Rascalha Casadei" é uma história belíssima voltada para o público infantil, em que é contada a história de vida de um dos mais sublimes e iconográficos educadores dos últimos tempos, que por sinal é brasileiríssimo e nordestino, muito bem e obrigado!, o Sr. Freire. Com um texto leve e encantador, a obra é capaz de informar muito bem os nossos leitores mirins, juntamente com os não-mirins, além de apresentar os principais aspectos da trajetória marcante do educador idealista, sonhador e transformador de realidades. Obviamente, as ilustrações de Marco Antonio Godoy são deliciosas de ver e enchem os olhos pela qualidade e expressividade que denotam as imagens. É uma obra completa, digo, já que funde o verbal e o não-verbal de forma lógica, instigante e atrativa

Apesar de ser indicada ao público etário infantil, "Paulinho" é uma história que pode agradar qualquer pessoas, principalmente, se falamos de pessoas que trabalham com educação. Aliás, "trabalham" é um pouco limitador demais - vejamos outro termo... Opa! Encontrei: O livro é indicadíssimo para pessoas que AMAM trabalhar com educação, porque para essas o ato de educar e ensinar a aprender não se restringe a uma mera profissão que rende alguns dividendos, mas a uma missão árdua e difícil, que justamente por tais motivos é tão sublime, bela e reveladora. 

Meus amigos amantes do "educar", agradeço a Paulo Freire, em nome de todos vocês e do meu, certamente, pela oportunidade de conhecer e levar ao conhecimentos dos meus alunos a história de vida de um professor inspirador. Thanks, Paulinho!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O Ensino de Língua Materna no Brasil

Século XXI. O Brasil vem trabalhando e desenvolvendo cada vez mais a pesquisa científica com ênfase no campo dos Estudos Linguísticos e o conhecimento produzido nacionalmente também vem adquirindo seu espaço no contexto mundial. Rita Maria Diniz Zozolli, graduada em Letras pela UFAL (1973) com doutorado em Linguística e Ensino do Francês, através da Université de Franche Comté Besançon (1985), possui larga experiência na área de Linguística Aplicada, em especial na linha de Ensino e Aprendizagem de Línguas, atuando principalmente nos temas: leitura, produção, autonomia relativa, língua materna, língua estrangeira e produção escrita. Os projetos de pesquisa que desenvolve têm contribuído de forma profícua para a construção de uma conduta investigativa e inovadora no tocante ao Ensino de Língua Portuguesa e suas Literaturas no campo educacional brasileiro.      
Em Relações entre Produção de texto, Leitura e Gramática na sala de aula, artigo de sua autoria publicado no periódico norte-rio-grandense Odisseia, a pesquisadora procura tratar dos elos existentes entre os atos de ler e escrever e da influência dos preceitos normativos da gramática nesse conjunto, inserindo-os no contexto da sala de aula. A argumentação é quase sempre objetiva e de fácil compreensão, mas sem perder a fundamentação e o teor científico que amparam suas colocações.      
Neste artigo, a autora objetiva trabalhar sobre as relações entre produção textual, leitura e gramática na sala de aula de língua materna, amparando-se nas reflexões de Morin (2000), Bakthin (1977) e Marcuschi (1997) e na noção de complexidade linguística. Para isso, observou-se uma situação interativa em uma sala de aula de língua portuguesa para universitários de um curso com programa de leitura e produção de textos, onde foi avaliado o tratamento dado às competências de oralidade e escrita, além dos tópicos de gramática, nas construções textuais dos alunos por meio de gêneros de texto orais e escritos. Os resultados apontaram para a identificação de várias inadequações de cunho linguístico, tais como argumentação pouco fundamentada, clichês ou obviedades e paráfrase excessiva do texto. A autora conclui que eles são decorrentes de uma prática de ensino da LM centralizadora e fundamentalista, que tem na ideia de “língua” e “ensino” um modelo hierárquico, que foge à estrutura concreta de enunciação (BAKTHIN, 1997) e recomenda que o docente orientador em sala de aula contribua para a reformulação do texto, garantindo as qualidades textuais e discursivas sem impor um padrão de sua preferência particular. Zozolli ainda pondera a respeito da necessidade de se aderir à luta contra as ideologias quantitativas do mercado capitalista em detrimento de um comprometimento mais efetivo dos gestores da educação com os papéis que lhes são de direito executar.                
O texto de Zozolli é uma produção de grande relevância para os estudos na área de Linguagens em nosso país, tendo em vista que lança mão de visões arbitrárias, tendenciosas e hierárquicas sobre o ensino de LM e nos brinda com uma análise coerente, embasada nas teorias do cânone dos estudos da linguagem, acerca das competências de escrita e oralidade, bem como das habilidades de adequação à variedade linguística padrão, isto é, a norma culta, através do uso coerente dos conhecimentos gramáticos. Um conhecimento mais que útil nas aulas de LM.             
O artigo é indicado para iniciantes nos estudos linguísticos, professores de Língua Portuguesa e suas Literaturas, gestores administrativos das instituições escolares, bem como todos aqueles que possuírem interesse em conhecer um pouco mais das relações que ocorrem em nosso idioma e do funcionalismo básico da língua. O texto possui uma linguagem de entendimento relativamente fácil, mas em todo caso se obterá um maior aproveitamento das exposições da autora em relação às questões de escrita, leitura e gramática, se o leitor possuir alguma noção básica dos elementos mencionados e sua aplicação nas salas de aula brasileiras.          

A Ciência e o Homem

Desde o momento em que a Filosofia, investigadora e pensadora incansável do mundo e da existência de tudo e todos, passou a ser segregada da Ciência, pautada na pesquisa e nos preceitos metodológicos de estudo dos recortes da realidade, essa última vem assumindo um papel cada vez mais definitivo e imprescindível na constituição das relações de cognição e produção de conhecimento científico na vivência humana.

O ser humano, diante da necessidade de compreender e dominar o meio, ou o mundo, em benefício próprio e da sociedade da qual faz parte, acumula conhecimentos racionais sobre seu próprio meio e sobre as ações capazes de transformá-lo (FACHIN, 2011, p.14-15). O fenômeno da globalização e da revolução tecnológica e digital têm (re) afirmado enfaticamente a proficuidade da ciência no desenvolvimento das sociedades humanas, atendendo à evolução do conhecimento do homem, sua busca desenfreada pelos ideais de dominação e poder e, obviamente, ao instinto questionador (herdado diretamente da amante do saber, a Filosofia) das criaturas racionais.
Nesse sentido, os estudos científicos e a Ciência como macro-conjunto já possuem papel e importância significantes em nosso convívio e se a onda globalizadora amparada nas relações capitalistas de tecnologia e poder não mudarem seu percurso de progresso horizontal na história, esses papéis só tenderão a crescer.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Palavras sobre Educação...

"A renovação do ensino terá de passar
pelo desenvolvimento afetivo e emocional 
dos professores e as escolas terão realizado
a sua missão quando forem capazes de alimentar
permanentemente nos alunos o prazer
da leitura, pressuposto de tudo o mais, já
que quem gosta de ler tem nas mãos
a chave do mundo."

(Rubem Alves)

"É certo, assim, que a tarefa de ensinar a pensar
requer dos professores o conhecimento de estratégias 
de ensino e o desenvolvimento de suas
próprias competências do pensar. Se o professor
não dispõe de habilidades de pensamento, se não
sabe aprender a aprender, se é incapaz de organizar
e regular suas próprias atividades de aprendizagem, 
será impossível ajudar os alunos a potencializarem
suas capacidades cognitivas."

(José Carlos Libâneo)

Identidade

Preciso ser um outro
Para ser eu mesmo
Sou grão de rocha
Sou vento que a desgasta.

Can you hear me?

"Hear me screaming
Breaking in the muted sky
This thunder heart
Like bombs beating
Echoing a thousand miles."

(Foo Fighters - "In your honor")

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Livro da Semana: "O Leitor", de Bernard Schlink





COMOVENTE, SUGESTIVO E ESPERANÇOSO

Michael Berg tem 15 anos quando inicia um obsessivo caso amoroso com Hanna, uma mulher enigmática, vinte anos mais velha. Os encontros entre os dois seguem um ritual: primeiro banham-se, depois ele lê fragmentos de Goethe, Dickens, Tolstói e Schiller, e só então fazem amor. Michael nunca chega a saber muito sobre a amante. Assim, quando ela desaparece de repente dando um fim abrupto àquele período de felicidade, ele se convence de que jamais a verá de novo.

Anos mais tarde, entretanto, ele a reencontra. Hanna é uma das acusadas por crimes de guerra e por várias mortes em um campo de concentração nazista. Michael, como estudante de Direito, acompanha o caso indeciso entre as lembranças da antiga amante e a indignação pelos crimes. Na tentativa de descobrir quem é a mulher que amou, ele gradualmente percebe que Hanna pode guardar um segredo que considera mais vergonhoso que homicídio. 

As páginas do romance trazem a lúcida pergunta: Como amar alguém que cometeu a maior atrocidade que o mundo já conheceu? O estilo de Schlink é limpo e despido de imagens e diálogos desnecessários, resultando em uma bela e austera narrativa sobre o esforço para preencher o vazio entre as gerações pré e pós-guerra na Alemanha, entre culpados e inocentes, entre palavras e silêncio. 

"O Leitor" é, desde "O Perfume", o romance alemão mais aplaudido nacional e internacionalmente.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Alice e as maravilhas de seu legado

Alice no País das Maravilhas é daqueles livros que resistem a infinitas leituras sem nunca perder a graça, pois sempre têm algo a mais a dizer, um novo detalhe a apresentar, uma palavra a ensinar. A história da linda menina de vestido rodado que vive aventuras num lugar estranho com gente esquisita é uma das mais lidas, traduzidas, adaptadas, encenadas e filmadas. Parece uma fórmula simples, mas não é: há quase 150 anos, a obra-prima escrita pelo inglês Lewis Carroll cativa leitores e intriga estudiosos em busca de respostas para os seus enigmas. Não é à toa que o cinema já a tenha apresentado diversas vezes.

A mais recente empreitada cinematográfica é assinada pelo norte-americano Tim Burton, que dirigiu também "Batman", "Edward Mãos-de-Tesoura" e "Noiva Cadáver", entre muitos outros filmes encantadores e... um pouco estranhos. Produzida pela Disney, a nova versão de "Alice no País das Maravilhas" chega aos cinemas brasileiros em 21 de abril. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, onde já estreou, ficou em primeiro lugar nas bilheterias por várias semanas consecutivas.

A febre atual gerada pelo filme foi além da trilha sonora: invadiu desde lojas de roupas e assessórios até objetos de arte, bolos de festa - todos fazendo referência massiva às personagens dos contos protagonizados por Alice - "No País das Maravilhas" e "Através do Espelho", este escrito por Carroll logo depois do primeiro. Assim, o Gato que sorri, o Chapeleiro Maluco e a Rainha de Copas andam estampando bolsas, sapatos e camisetas e por aí afora.

Será que todos que estão hipnotizados por esses objetos - e que verão o filme - conhecem a real origem desse frenesi? Há só uma maneira de tirar a prova: lendo o livro.

Halloween nas escolas?


No dia 31 de outubro, algumas escolas brasileiras celebram o Halloween, o Dia das Bruxas. As crianças, principalmente do ensino infantil, vestem fantasias de bruxas, vampiros, fantasmas e outros monstros para comemorar... Comemorar exatamente o quê? A festa, que é popular nos Estados Unidos, chegou às crianças brasileiras por meio de programas televisivos. Os fãs dos Padrinhos Mágicos, LazyTown, Ben 10 e Barney cultivam a brincadeira do doces ou travessuras? nas salas de aulas, muitas vezes sem critérios. Fica a pergunta: em que situação o Halloween pode ser utilizado dentro da escola? Até que ponto é interessante para as crianças participarem de uma manifestação cultural estrangeira?

Comemorar apenas por comemorar, além de, muitas vezes, ocupar o tempo de aulas realmente importantes não acrescenta nada na formação das crianças. Não adianta celebrar uma data na escola que não represente nada para a realidade do estudante. É preciso explicar como a festa surgiu e contextualizá-la para que os alunos criem uma identificação. Só assim a comemoração fará sentido. Com a ajuda de fotos, vídeos e outros materiais didáticos, pode-se resgatar a história original da data e de seus personagens. As crianças podem descobrir que a origem do Halloween remete às crenças celtas. Para quem não sabe, este povo da Irlanda acreditava que, no último do verão no hemisfério norte, os espíritos saíam do cemitério para tomar conta dos corpos dos vivos. Aterrorizante, a comemoração pagã, foi condenada na Europa, passando a ser conhecida como Dia das Bruxas. Graças à imigração dos irlandeses para a América, o Halloween se tornou uma data especial nos Estados Unidos.