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sábado, 4 de junho de 2011

They will not control us!

O Campus de Ipanguaçu do IFRN foi uma das escolas pelas quais passei durante os meus 19 anos. Foi a escola onde mais aprendi, onde mais cresci e, obviamente, onde iniciei a construção, de fato, do meu senso crítico com relação ao mundo ao meu redor, o valor da educação nesse mesmo mundo e do quanto ainda precisaria ser feito para as coisas começarem a caminhar direitinho. Aquela escola está na minha mente, disso estejam certos e certas. Mas o importante mesmo é que ela e as pessoas com as quais cresci junto têm lugar privilegiado em meu coração: amigos, colegas, técnicos, coordenadores e, principalmente, os professores - ah, eles! Os meus professores e professoras foram, e continuam sendo, a parte mais bonita do meu período enquanto do IFRN-Ipanguaçu. Eles ensinaram-me muito além dos conteúdos da nada libertária "grade curricular". Lecionaram-me sobre a vida, sobre o meu papel nessa e sobre o papel dos outros diante do meu.

Por tanto respeito àquela escola e à sua gente é que estou deveras magoado e ressentido com algumas situações que têm acontecido lá. Jamais imaginei que uma eleição para Grêmio Estudantil, uma entidade que tem por objetivo e obrigação representar os interesses, direitos e deveres dos alunos, fosse gerar na minha escola tanta balburdia, escândalos e o pior: que fosse ferir o código ético e moral que deve reger toda a escola e, inclusive, aqueles que se mostram dispostos a "representar os alunos".

Compra de votos com lanchinhos ou cópia de material escolar? A que ponto e a que status chegaram alguns dos nossos estudantes na vontade avassaladora de ganhar as eleições e perpetuar esses ideias distorcidos, fraudulentos e enojadores?  Sério gente, mas me dá ânsias de vômito só de pensar em como estão banalizadas palavras como "ética", "política" e "moral". As pessoas passaram a não usar mais essas palavras. Ou melhor, usá-las sem entender os reais valores que carregam em sua construção silábica. Se fizerem um pequeno passeio em retrospectiva no cenário político brasileiro poderão ver que muitos dos políticos que mais sujaram a conduta e imagem do nosso país eram do tipo "simpáticos e cheios de presentes pra dar". Sem instinto investigativo para ir a um livro de história do Brasil? Leia um exemplar do Diário de Natal ou assista ao RNtv. Os casos de líderes políticos que usaram de má fé da boa vontade e da ingenuidade (ou idiotice mesmo) daqueles que os elegeram são vários! Tem drama de todo o tipo, desde os mexicanos aos hollywoodianos.

Como na maioria dos casos, os sorrisos e presentinhos sempre vencem. Uma pena. Uma lástima. Uma coisa boa. Boa... Por que? Simples! Quando sofremos na pele mesmo, quando batem na nossa cara por qualquer coisa mesmo, aí tendemos a pensar. Tendemos a refletir sobre o que fizemos e porque fizemos. Nada melhor para quebrar uma ilusão do que vê-la diluir-se na sua frente por si só! 

Agora, um apelo, meus caros leitores e leitoras. Não se deixem levar por palavras ditas de forma fácil demais. Elas geralmente nos levam a promessas e condutas mais fáceis ainda de serem quebradas. Infelizmente, é assim. As relações políticas verdadeiras e legítimas não estão alicerçadas em chocolates ou cafés da manhã, apesar de ser isso o que grande parte das pessoas acham. O que eu não suporto é que alunos do Instituto Federal, uma escola de respeito e ensino de excelência, sejam iniciados nos caminhos da corrupção e da demagogia. Não suporto, ainda, que os meus mestres defensores da boa política e da defesa à ética e à moral sejam insultados por estudantes que não sabem tem maturidade para sequer pronunciar o vocábulo "política" ou talvez "eleição". Por favor, líderes e adeptos, não sujem a imagem da escola que guardo em memória e coração. Vocês não têm esse direito.

P.S. - Parabéns aos revolucionários resistentes! Uma batalha pode ter sido perdida. A guerra, nem pensar. "Não existe revolução sem resistência!"

4 comentários:

  1. Sempre fechando com chave de ouro André!
    Concordo inteiramente com você!

    Abraços e saudades.
    Por: Ianna

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  2. Olá André, como vai?

    Primeiro, parabéns pelos seus textos, gostei muito. Segundo, diante de tudo que estava acontecendo na nossa escola tomei a liberdade de pegar o seu texto "Faculdade do pensamento" e colar no mural. Bem, não sei se você sabe fiz parte da chapa 01, como sendo candidata a coordenação de relações acadêmicas, junto com Léo, Frank, Talita, Mário e demais pessoas que realmente gostariam de fazer algo por essa escola... Foi um processo muito desgastante e até mesmo enojado por motivos que já sabes... Nesse processo eu quase acreditei que tinha esses anos no IF, tinha aprendido tudo errado e que a ideia de cidadãos críticos, reflexivos aptos a atuarem na sociedade como sujeitos transformadores era apenas ilusão... Digo isso, não por ter perdido por que um não a mais um não a menos na minha vida, não me faz diferença... Mas, poxa vida! Um aluno do 1º ano, é aceitável que se deixem alienar com tais fatos que aconteceram, mas alunos que chegaram até o 4º ano, assumirem posições como foram tomadas é quase enlouquecedor... Como assim? Até que ponto a educação pode intervir? Como acontecer isso em um instituto que se propõe a formar cidadãos? Sei que isso infelizmente acontece na nossa sociedade, e embora fosse ingenuidade, pensei que em uma escola, do porte do IF, os alunos fossem capaz de optarem por mudar, por transformar, mas o principalmente ultrapassar os limites da superficialismo que há em discurso como os que aconteceram... Por minutos depois do resultado da eleição, veio na minha cabeça pensamentos bobos do tipo "tomara que esses otários se lasquem e tantos outros..." que sinto vergonha em falar, por que por esses minutos de raiva esqueci de todas as questões que envolvem, sendo eles meras vítimas... Mas, pow, as coisas tem que mudarem e se isso já está acontecendo em um âmbito que dá todas as condições de pensarmos e sairmos do superficialismo, me pergunto o que a educação está fazendo? Enfim, estou me sentido muito impotente com relação a tudo isso, e por esse motivo é vejo a educação como mais preocupação e com mais temor...

    Desculpe-me o desabafo.
    Um grande abraço, é bom saber que existe pessoas como você!
    Jailma.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Jailma, minha flor libertária :)

    É indignador realmente. Eu fiquei horrorizado quando Priscila e Tertulino me deixaram a par da situação. E mais perplexo ainda quando Edilza, que é minha amiga e colega de trabalho na Sec. de Educação de Ipanguaçu, me disse que isso tudo tinha ligação direta com a eleição para diretor que ocorrerá ao final do ano! Meu Deus! Onde a excelência da nossa escola foi parar?

    Estou chocado!

    Mas tenho esperança! Isso sim! Tenho.
    Enquanto nossa escola tiver pessoas como você, a guerra jamais será perdida.
    O IFRN sempre ajudará àqueles que forem fiéis a ele.
    Confio demais em você e nos demais estudantes e amigos que tenho aí. Sei que jamais desistirão da luta por educação libertadora, por relações políticas libertadoras.

    Sempre adoro suas opiniões - Você é uma das minhas inspirações! Te admiro demais!
    Um abraço bem forte e fraterno!

    André.

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