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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A música das palavras



“Agora não há outra música
senão a das palavras”. (SARAMAGO, 1995, p.290)        


            Não se pode falar em vida, sem falar em literatura. Entender o poder das palavras, através do poder do amor pela educação e pelos estudos da sua língua materna é uma belíssima forma de relacionar a importância de cuidarmos da vida com a necessidade insaciável de conhecer e descobrir, que é inerente a nós, seres humanos.
As palavras, junto aos sons e aos silêncios que emitem, são ferramenta da abstração humana, da capacidade de poder ver com olhos livres, o que não é o mesmo que olhar as obviedades da vida. Rubem Alves já dizia isto, quando colocava que o que mata um jardim são estes olhares de indiferença de gente sem sensibilidade. Assim, são estes emaranhados de letras, agrupados em sílabas e com unidades fonéticas que marcam sua sonoridade, que a literatura existe. A arte de tocar o lado mais humano e metafórico de cada pessoa através da graça que o ato de escrever proporciona àqueles que enfrentam o medo de jogar no papel a sua alma e nos brindam com textos sensíveis e lindíssimos é uma capacidade digna, apenas, de todos. Sim, de todos, pois tendo consciência, ou não, disso, somos pautados em sentimentos e emoções, bons e ruins. E o que é a literatura, senão a transcrição do que sentimos para pedras, pergaminhos, folhas de papel perfumadas e, com o advento das tecnologias, para as páginas da internet?
Abrir os olhos de uma criança para a beleza do mundo que a cerca é tarefa árdua em nossa vã contemporaneidade. A superficialidade das relações humanas vem crescendo e dificultando o “enxergar” das pessoas. Porém, as crianças me soam diferente de tudo isso. Elas carregam um fascínio próprio pelo que é belo, pelo que é literatura por si só. Dessa forma, ver com seus próprios olhos, que as crianças, adolescentes ou jovens respondem positivamente aos seus ensinamentos não tem preço, é impagável. Um sorriso, uma pergunta excitada, a vontade de descobrir mais junto a você, tudo configura um prazer quase divino no simples ato de estar na sala de aula.
A vida é um bem precioso e que deve ser cuidado. O problema, geralmente, é que muitos não sabem como cuidar, como cativar. Talvez, deixar-se cair no infinito universo de mundos que a leitura e os livros podem proporcionar, diante da vida superdenotativa que vivemos, seja um jeito profano e espiritual, sublime e revolucionário, de cuidar da vida. Tu te tornas responsável por aquilo que cativas, ensinou-me um pequeno principezinho dos livros. Usar a arte das palavras para gracejar a vida é cativar este bem.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Um ensino de língua materna sem as cortinas do passado.



A ideia de que as aulas de Língua Portuguesa devem ser centradas no ensino de regras gramaticais é antiga, tradicionalista e, de forma mais direta, ERRADA! Quando nos deparamos com índices baixíssimos do desenvolvimento do Brasil em exames nacionais que testam as competências de leitura e escrita dos nossos alunos (como a Prova Brasil, o ENEM e o SAEB) vamos direto ao grande problema: as escolas não têm ensinado aos seus estudantes as verdadeiras utilidades e usos que cabem a uma língua. Em vez de mostrar às crianças e adolescentes a relevância que um bom domínio da Língua Portuguesa pode ter em nossas vidas, a escola está presa (infelizmente!) ao pensamento de que só sabe bem Português aquele fulano que decorou a diferença básica entre um adjunto adnominal e um complemento nominal dentro de uma oração, por exemplo. Triste ilusão... 

Quando os professores de Língua Portuguesa entenderem que os alunos NÃO PRECISAM conhecer todas as regras que a gramática da norma culta deseja ensinar, eles passarão a voltar sua prática pedagógica para o ensino da leitura e da escrita – habilidades que os estudantes PRECISAM SIM para as mais variadas situações do dia a dia, que vão desde pedir uma informação na rua até redigir um artigo científico para apresentar num congresso de ciências internacional! A língua é viva e se nossos estudantes não souberem disso, jamais sairão das velhas, batidas, e rebatidas normas gramaticais sem sentido, sem contexto, sem texto!

Todas as aulas, principalmente as de Português, precisam apresentar aos alunos os mais variados gêneros de texto, porque é só através deles que os estudantes poderão entender REALMENTE a importância do estudo de sua língua. Que bom seria se todas as escolas parassem um pouco de deixar o Livro Didático dominar as aulas de seus professores e passassem a ensinar apenas duas coisas. Primeiro: ler por prazer! Segundo: Escrever e refletir, com base na leitura. Dessa forma, alunos que sempre acharam a leitura chata passarão a amá-la; alunos que odiavam as aulas de Português passarão a ver nelas uma forma de crescer nas outras disciplinas; alunos que não escreviam se tornarão escritores melhores, com emoção e sensibilidade. Que professor não deseja isto?  Ver algo encantador: A MUDANÇA DO DISCURSO DOS SEUS ALUNOS!